Foi anunciado ontem, quinta-feira, 24, pelo governador do Estado de São Pualo, no Palácio dos Bandeirantes, uma parceria entre o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) da USP e a startup XenoBrasil para desenvolvimento de pesquisas sobre xenotransplantes no Brasil. O acordo também prevê a criação do primeiro Núcleo de Tecnologias Avançadas para Bem-Estar e Saúde Aplicados às Ciências da Vida na América Latina.
Xenotransplante é o transplante de células, tecidos ou órgãos de animais outros de outra espécie. A técnica está sendo pesquisada e desenvolvida pelos principais centros de pesquisa médica no mundo devido à possibilidade promissora do uso de órgãos e tecidos de suínos para tratamento de humanos.
Desde 2017, o Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco, localizado no Instituto de Biociências da USP, e o Instituto do Coração estão trabalhando na geração de embriões suínos geneticamente modificados para viabilizar transplantes interespécies, o que corresponde à primeira fase do projeto.
A pesquisa obteve resultados positivos com a geração dos primeiros leitões com potencial para xenotransplante na América Latina. Nesta segunda etapa, o IPT vai abrigar um biotério voltado para a produção em série de órgãos suínos para transplantes em humanos.
O projeto segue normas rígidas de biossegurança e aplicação clínica, com garantia total de controle sobre potenciais transmissões de agentes infecciosos entre suínos e humanos.
O desenvolvimento desta etapa será feito em parceria da USP com a farmacêutica EMS, a Fundação da Faculdade de Medicina e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O Núcleo de Tecnologias Avançadas para Bem-Estar e Saúde vai executar projetos para melhoria da qualidade de vida e o bem-estar da sociedade a partir da inovação em tecnologias de saúde humana, animal e ambiental. O investimento do Estado na construção da sede do Núcleo será de R$ 16 milhões.
Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, 29 mil pacientes estavam em lista de espera para transplante de rim em 2020, mas apenas 7,4 mil procedimentos foram feitos no Brasil.
Os xenotransplantes podem ser a solução para aumento da oferta de órgãos – inicialmente, apenas rins –, redução da fila de transplantes e também de despesas para tratar pacientes com doenças renais.
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