O desespero é de uma mãe que viveu momentos de medo e perdeu tudo durante um incêndio em uma residência, na rua Carlos do Carmo, no bairro Cidade Nova, em Franca (SP). Lauane Araújo, de 24 anos estava com os três filhos: Brayner e Gabriel, de 7 e 6 anos, a filha Kyhara, de 1 ano e o sobrinho, quando uma brincadeira de crianças quase terminou em tragédia.
A mãe tomava banho quando os pequenos pegaram um isqueiro e colocaram fogo em algodões e pegaram um copo com água para brincar de bombeiros, mas em determinado momento, o sobrinho teria queimado a mão e jogou os algodões no sofá, foi o estopim para o início das chamas que rapidamente se espalharam por toda a residência.
“Eles saíram falando: mamãe a casa está pegando fogo. Já saí assustada e gritando e quando vi o fogo muito alto já falei para eles saírem para fora e irem para a padaria aqui em frente”, disse Lauane.
No entanto, o fogo começava aumentar e já tomava conta de outros cômodos da casa e a filha ainda estava no imóvel para o desespero da jovem.
“Nisso a minha menina estava no quarto e voltei para pegar ela, pois não consegui apagar o fogo... Quando peguei ela, a minha casa é antiga, então as madeiras caíram, a caixa d’água caiu e só pensava em proteger a minha filha. Estava tudo pegando fogo, aí peguei ela e corri para o outro lado do quarto para a gente pular a janela, de repente o telhado começou a cair em cima de mim e da minha filha... Já não tinha mais forças e só pensei em Deus”, disse a mãe que não conteve as lágrimas ao recontar os momentos de tensão.
Sem recursos e saídas para deixar a casa, um vizinho que passava pelo local arrombou uma porta e perguntou se ainda havia alguém na casa, foi quando conseguiu resgatar mãe e filha em meio a grande quantidade de fumaça e fogo que destruiu a residência. “Foi um anjo, eu não conseguia mais respirar. Foi um desespero muito grande, na hora não deu para pensar em nada, quando vi o fogo só pensei em voltar para pegar a Kihara e pedi para Deus proteger minha filha”, completou a mãe.
Já fora da casa e em segurança, o Corpo de Bombeiros que havia sido acionado deu início aos trabalhos assim que chegaram rapidamente ao local e apagaram o fogo, mas tiveram que voltar horas depois para eliminar ainda focos de incêndio, mas por sorte a mãe e as crianças passam bem.
Revolta
Mesmo após o susto e todas as perdas, o drama vivido pela família parece estar longe de terminar. Ainda no local do incidente, Lauane demonstrava o sentimento de tristeza e ao mesmo tempo revolta.
Sem ter para onde ir, ela passaria a noite na casa da irmã, na Vila Formosa, mas a jovem que é uma das contempladas do conjunto habitacional Copacabana, espera há anos pelo apartamento que até hoje não foi entregue aos mutuários e criticou a administração do prefeito Gilson de Souza.
“Primeiramente eu gostaria que o prefeito desse um jeito no Copacabana, porque eu sou contemplada e se eles tivessem entregue esse apartamento há três anos, nada disso tinha acontecido. Só promessa deles e nada de entregar, agora eu que não tenho onde ficar, quero ver o que vão fazer por mim”, desabafou a jovem.
As chamas consumiram tudo que havia na casa e as vítimas ficaram praticamente com a roupa que estavam vestindo e agora pedem ajuda para recomeçar.
“Agora eu não tenho nada, não tenho colchão e nem cama, não sobrou nada. Queimou o sofá, televisão, fogão, então quem puder me ajudar vou agradecer de coração. São bens materiais, mas é difícil de conquistar tudo de novo”, pediu a jovem bastante emocionada com o desastre.
Ouça a entrevista:
Em nota, a Prefeitura informou que quanto ao cronograma de entrega dos apartamentos, que "nada depende da Prefeitura que ofereceu apoio e executou no prazo combinado todos os serviços que precisavam ser feitos".
A nota ainda afirma que "ao que consta a documentação está em fase de registro nos Cartórios, sob a responsabilidade da Caixa Federal, que deve em seguida convocar os proprietários para assinarem os contratos. Portanto, tudo depende da Caixa e o Governo Federal na fase atual".
Quanto ao auxílio para a moradora a Prefeitura informou que o caso será repassado para a Secretaria de Ação Social para avaliação.
Como ajudar
Os interessados em doar roupas e objetos para a família devem entrar em contato pelo telefone (16) 99282-1293 ou comparecer na rua Carmem Irene Batista, 3271, na Vila Formosa e procurar pela Bruna, irmã da Lauane.
Esse foi o quinto incêndio registrado em menos de 24 horas na cidade. Incêndios também destruíram uma fábrica, terreno e imóveis.