Cooperativas de café estimam produção 30% menor para a próxima safra. A estiagem prejudicou o desenvolvimento das lavouras. O mercado já reagiu a perspectiva de menor oferta e os preços subiram mais de 50% em um mês. O clima no início de 2014 não foi bom para a produção de café arábica em toda a região Sudeste.
Em Espírito Santo do Pinhal, no interior paulista, a produção foi de 260 mil sacas de 60 quilos em 2013. Para esta safra, a Cooperativa de Cafeicultores do município (Coopinhal) estima uma perda de 30%. Com relação a produção brasileira, o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para esta safra trouxe uma expectativa de 48 milhões de sacas. O número, que foi divulgado em janeiro, não contabilizou as perdas com a estiagem.
Empresas e consultorias especializadas já realizaram levantamentos e acreditam em uma safra menor do que as previsões iniciais. A exportadora Terra Forte projeta perda de 11%, com uma safra de 47 milhões de sacas. A consultoria Safras&Mercado calcula que a oferta pode reduzir em 15 milhões de sacas, com uma safra próxima a 50 milhões de sacas. A consultoria Pharos revisou para baixo sua estimativa de produção de café arábica, de 54 milhões de sacas de 60 quilos na primeira estimativa para atuais 48,374 milhões de sacas, representando queda de 10,4%.
A perspectiva de safra menor já mexeu com os preços. Além do brasil, outros grandes produtores do mundo devem colher menos café em 2014. Em um mês a saca de café arábica de boa qualidade que valia R$ 280, passou para R$ 430 na região da Coopinhal, aumento de mais de 50%. Segundo o gerente geral da Coopinhal, Daniel Gozzoli, quem tinha café estocado aproveitou para vender, mas agora o mercado está parado, com poucos negócios realizados. "Nós já temos café vendido para 2016, estamos falando de três safras pra frente, em torno de R$ 580. Isto são oportunidades de mercado. O produtor não precisa acreditar que vai chegar a R$ 700 ou R$ 1000. Ele tem que ver o custo de produção, ver o que está dando dinheiro para fixar. Em 2015, tem muito café fixado a RS 515. Para safra 2014 já tem café fixado a R$ 480 para o mês de setembro", salienta Gozzoli.
No campo, o preço maior não anima muito os produtores. O cafeicultor Miguel Ricci acredita que, no fim das contas, as perdas vão ser maiores que os ganhos. "Quando tava a R$ 250 e R$ 260 a saca, estava com prejuízo grande. Hoje, nós vamos ter metade da produção. Se o café for a R$ 500, o prejuízo vai ser até maior. Se subir, o prejuízo vai ser menor. Vamos ver o que vai acontecer. Só com o tempo e quando chegar a safra que vamos ver o tamanho do prejuízo", lamenta o produtor.