Já chega a 25 o número de mortos durante os conflitos entre manifestantes antigoverno as forças de segurança no centro de Kiev, capital da Ucrânia. Segundo o Ministério do Interior e da Saúde, outras 241 pessoas sofreram ferimentos e foram hospitalizadas, entre elas 79 policiais e cinco jornalistas. Os confrontos continuaram ao longo da madrugada na Praça da Independência (Maidan), que segue cercada pelos policiais. Os ativistas permanecem sob a proteção de uma barricada de fogo.
O presidente do país, Viktor Yanukovych, discursou nesta quarta-feira e disse que os manifestantes antigoverno "passaram dos limites". "Os líderes da oposição têm desconsiderado o princípio da democracia, pelo qual obtemos o poder através das eleições e não na rua. Eles cruzaram os limites chamando as pessoas a pegarem as armas"", disse, acrescentando que os culpados enfrentariam a lei.
Pouco antes da meia-noite (de Brasília), o líder oposicionista Vitali Klitschko foi até o escritório de Yanukovych para tentar resolver a crise. Ele retornou à praça sem nenhuma sinalização de um cessar fogo. Klitschko disse que propôs ao presidente um fim das ações dos policiais, mas Yanukovych refutou e afirmou que os manifestantes precisam ir para casa e pôr fim aos protestos. "Estou muito triste porque não houve discussão", disse. "Eles não querem nos ouvir", completou.
Sanções
Nesta manhã, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, disse que vai requisitar à União Europeia para que imponha sanções contra a Ucrânia. "Eu vou conversar hoje com os líderes da UE para construirmos sanções ao governo ucraniano", disse Tusk ao parlamento polonês.
O governo da França criticou nesta terça-feira o "uso indiscriminado da força" em Kiev. "Eu condeno a retomada da violência em Kiev e o indiscriminado uso da força que fez várias vítimas", disse o ministro de Relações Exteriores Laurent Fabius, pedindo que os dois lados ajam com moderação.
Os Estados Unidos também expressaram "graves preocupações" sobre a crise no país e também ameaçam o governo com possíveis bloqueios nas relações diplomáticas. Tanto os norte-americanos como a UE pediram ao presidente uma retomada dos diálogos com a oposição.
O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, se disse chocado com a situação de violência na Ucrânia e pediu "novos e imediatos diálogos que possam dar resultados imediatos".
Crise
A violência de hoje diminuiu as expectativas para uma solução iminente da crise política na Ucrânia. Foi o pior episódio de violência das últimas semanas. A polícia usou balas de borracha e granadas de efeito moral contra milhares de manifestantes que tentavam chegar ao Parlamento. Dezenas de pessoas, entre civis e policiais, ficaram feridas.
Líderes opositores acusaram facções ligadas ao governo no Parlamento de adiar uma reforma constitucional que limitaria os poderes do presidente, uma importante exigência da oposição. As tensões também aumentaram após novas medidas adotadas tanto pela Rússia quanto pela União Europeia (UE) para ganhar influência sobre a ex-república soviética.
Os protestos tiveram início em novembro, depois de o presidente Viktor Yanukovich decidir não assinar um acordo que aproximaria o país da UE. Em dezembro, o presidente russo Vladimir Putin prometeu emprestar US$ 15 bilhões ao país, mas depois de comprar títulos ucranianos no valor de US$ 3 bilhões, os pagamentos foram adiados. O ministro russo disse que segunda-feira que US$ 2 bilhões seriam emprestados à Ucrânia nesta semana.
Quando o Parlamento adiou a sessão desta terça-feira para discutir a questão da redução dos poderes presidenciais, milhares tomaram o rumo do Parlamento para pressionar os integrantes do Legislativo. Gritando "vergonha" os manifestantes jogaram pedras contra a polícia e atearam fogo em caminhões estacionados para bloquear sua passagem.
A polícia respondeu com granadas de efeito moral e disparou o que parecem ser pequenas bolas de metal. Cerca de 150 manifestantes ficaram feridos, informou a unidade médica dos manifestantes, mas o Ministério do Interior afirma que 40 se feriram.
Na terça-feira, manifestantes invadiram o escritório do Partido das Regiões, mas foram expulsos do local pela polícia. Quando bombeiros chegaram ao local para apagar um incêndio, descobriram o corpo de um funcionário, informou o serviço de emergência em comunicado.
Os confrontos aconteceram dois dias após governo e oposição terem chegado a um acordo. Os manifestantes retiraram-se de um prédio do governo em Kiev, ocupado desde 1º de dezembro, depois de o governo libertar vários ativistas que estavam presos.
Mas as tensões se elevaram depois de o ministro de Finanças da Rússia ter oferecido a retomada da ajuda financeira à Ucrânia na segunda-feira, quando o presidente Viktor Yanukovich deveria nomear um novo primeiro-ministro, o que fez a oposição temer que ele escolheria alguém com tendências pró Rússia.
Fonte: Agência Estado
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