O governo iraniano afirmou nesta terça-feira que não vai se desfazer de nenhuma de suas instalações nucleares. A declaração feita pelo vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, indica que as negociações em Viena serão difíceis, já que a afirmação representa a rejeição de uma exigência central do P5+1, o grupo de países que negocia um acordo final a respeito do programa nuclear iraniano.
A primeira rodada de conversações acontece após um acordo fechado em novembro, que estabelece que Teerã vai congelar parte de seu programa nuclear em troca da redução de sanções econômicas impostas pelo Ocidente.
O Irã afirma que não está interessado na produção de armas nucleares, mas o P5+1, grupo formado por Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha, querem que Teerã apoie sua palavras em concessões concretas. O grupo busca um acordo pelo qual o Irã fique com baixa capacidade transformar sua capacidade nuclear em armas feitas com urânio enriquecido ou plutônio, materiais que podem usados numa ogiva físsil para um míssil.
Para isso, afirmam, o Irã precisa desmantelar ou estocar a maior parte de suas 20 mil centrífugas de enriquecimento de urânio, dentre elas algumas que sequer entraram em funcionamento. O grupo exige também que um reator iraniano em construção seja demolido ou convertido de uma instalação de água pesada em uma de água leve que produza menos plutônio.
O Irã quer reverter quase uma década de sanções cada vez mais rígidas contra sua indústria petroleira e seu setor financeiro, mas se opõe ferozmente à redução drástica de sua infraestrutura nuclear. "Desmantelar o programa nuclear não está na agenda", disse Araghchi aos jornalistas em Viena.
As conversações são formalmente lideradas por Catherine Ashton, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), e pelo ministro de Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif.
O porta-voz de Ashton, Michael Mann lembrou do "trabalho intensivo e difícil que temos pela frente".
Apesar dos comentários de seus colegas, Araghchi disse que as negociações tiveram "um bom começo". Para ele, mesmo que a semana seja encerrada com nada mais do que uma agenda futura, "teremos avançado muito".
Fonte: Agência Estado Veja também: