O Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) pediu sexta-feira (14) que os responsáveis pelos ataques a manifestantes na Venezuela não fiquem impunes. Na última quarta-feira (12), protestos estudantis e marchas em apoio ao governo venezuelano deixaram três mortos e pelo menos 60 feridos. "Os autores devem ser julgados com penas adequadas", afirmou em Genebra, o porta-voz Rupert Colville.
Secretário da ONU Ban Ki-moon / Foto: ReproduçãoO representante do Alto Comissariado disse que as Nações Unidas estão "preocupadas" com as informações sobre os ataques a manifestantes por parte de grupos armados ilegais. "Também nos preocupa que a situação possa desencadear mais violência", ponderou.
Colville mencionou também que as denúncias sobre intimidações que jornalistas sofreram durante a cobertura dos protestos são, de igual maneira, preocupantes. "Soubemos que alguns profissionais tiveram equipamentos apreendidos e que houve agressão a jornalistas estrangeiros e locais, enquanto cobriam os protestos", alertou.
Outro ponto lembrado pelo porta-voz diz respeito à prisão de alguns manifestantes, que estariam sendo acusados de terrorismo. "É grave a informação de que há, inclusive menores detidos, e que a alguns foi negado o direito de ter contato com seus familiares e advogados", acrescentou.
Líderes estudantes disseram que o objetivo dos protestos é pedir mais segurança pública, medidas econômicas efetivas para conter a crise que afeta o país e também por maior liberdade de expressão.
O governo, entretanto, afirma que entre os manifestantes há grupos "fascistas" que causaram os tumultos, ataques ao patrimônio público e incitaram à violência. Na visão governista, o objetivo final seria um golpe de Estado.
A Justiça no país decretou a prisão de Leonardo López, um dos líderes da direita venezuelana, acusado de ter planejado os ataques ocorridos em meio aos protestos. López apoiou a candidatura presidencial de Henrique Capriles, nas eleições presidenciais de abril do ano passado. De acordo com a imprensa no país, no entanto, a aliança foi desfeita e atualmente López agiria de maneira mais independente.
A autoria dos atentados divide opiniões no país. Quem apoia o governo Maduro acredita nas intenções golpistas da extrema direita. Mas os opositores atribuem os incidentes a participantes de alguns "coletivos socialistas" (civis armados pelo governo) que poderiam ter atuado como infiltrados.
Em uma entrevista coletiva, Henrique Capriles atribuiu os ataques e a violência a grupos paramilitares, na visão dele, apoiados pelo governo. "O governo sabe que a agenda dos estudantes que estão mobilizados não é violenta. Por isso, queremos ver Maduro dedicar-se a acabar com esses grupos armados por ele mesmo", acusou.
Em meio à troca de acusações, o presidente Maduro tenta manter o tom pacificador e convocou para este sábado uma grande marcha em favor da paz . Além disso será lançado ainda hoje um Plano Nacional de Pacificação.
Fonte: Agência Brasil