O Brasil registrará em 2014, pela primeira vez, vendas de tablets superiores à de notebooks, segundo estudo da consultoria IDC. A empresa estima que os brasileiros comprarão neste ano 10,8 milhões de tablets e 8,4 milhões de notebooks, ante os 7,9 milhões e 8,2 milhões registrados no ano passado, respectivamente.
Os tablets já haviam superado, em 2013, os desktops (computadores de mesa) - categoria que vendeu 5,7 milhões de unidades e deve encerrar 2014 com 4,7 milhões. Na avaliação de Bruno Freitas, analista de dispositivos de tecnologia de consumo da IDC, a expansão mais forte na venda de tablets se deve aos preços mais baixos do que os notebooks.
Além disso, ele explica que a maioria das vendas de notebooks são destinadas à reposição desses equipamentos, enquanto os tablets estão chegando pela primeira vez às mãos da maioria dos consumidores. "O avanço tecnológico também permite aos consumidores passarem três, quatro anos com o mesmo notebook. No passado, ele ficava ultrapassado mais rápido. Hoje, a reposição é mais lenta", explicou.
Por outro lado, Freitas ponderou que as vendas de ambos os aparelhos devem seguir trajetória de crescimento e que os dispositivos não são necessariamente concorrentes.
Importância
Essa adoção simultânea de vários aparelhos e o crescente gosto do brasileiro por tecnologia são alguns dos fatores que têm ajudado o País a se aproximar do resto do mundo. A previsão da IDC é de que, a cada 100 aparelhos "conectáveis" (desktops, notebooks, tablets e smartphones) vendidos no País este ano, 81 sejam tablets e celulares inteligentes, enquanto no mundo essa proporção alcançará os 83%.
"Existe uma nova realidade de mercado em que a maioria está conectada (à internet) em mais de um dispositivo. É comum ver pessoas com pelo menos dois smartphones, um pessoal e um do trabalho", diz Freitas. Na comparação de 2014 com 2010, a empresa estima que as vendas de smartphones e tablets no Brasil se multipliquem por 12: o salto será de 4,9 milhões de unidades em 2010 para 58 milhões em 2014 (somando as duas categorias).
A explicação para esse cenário pode ser associada a dois fatores. O primeiro é a popularização dos dispositivos móveis no País - apenas em 2013 o crescimento nas vendas de smartphones foi de 120%. O segundo está relacionado ao aumento da importância do Brasil para os fabricantes de aparelhos.
Há quatro anos, os celulares lançados no exterior levavam meses para chegar ao País. Hoje, esse intervalo foi reduzido para dias - e já houve lançamento global feito no Brasil. Em novembro, o presidente global da Motorola, Dennis Woodside, veio a São Paulo paraapresentar o Moto G ao mundo, um smartphone na faixa dos R$ 600.
À época, deixou claro o interesse pelo consumidor brasileiro. "Conversamos com consumidores no mundo todo para desenvolver o modelo e descobrimos que no Brasil a coisa mais importante para as pessoas na hora de comprar um telefone é que tenha um preço que elas possam pagar", disse.
A Samsung, com sua linha Galaxy, e a LG, com a Optimus, igualmente não demoram a lançar seus aparelhos aqui e possuem modelos pensados especificamente para mercados emergentes como o Brasil, como os smartphones de dois chips.
TI e Telecom
O mercado brasileiro de telecomunicações e tecnologia da informação, que envolve a comercialização de aparelhos, programas e serviços, deve crescer 9,2% em 2014, de acordo com projeção da consultoria multinacional IDC. Em 2013, o mercado brasileiro teve alta de 9,5%, patamar superior ao dobro da média global, que ficou em 4,0%. Com isso, o Brasil se consolidou como o quarto maior mercado do mundo no segmento, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão.
O valor que esse segmento deve movimentar no País está estimado em US$ 175 bilhões para este ano. Desse montante, US$ 6 bilhões serão oriundos de orçamentos de negócios. Isso significa, segundo Alexandre Campos, diretor de pesquisa e consultoria para consumo da IDC, que os executivos do topo das empresas - que antes não participavam muito das decisões acerca de ferramentas tecnológicas - hoje voltam sua atenção também para os investimentos nessa área. "Agora, as empresas têm pressa de contratar serviços de tecnologia."
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