O parlamento ucraniano aboliu, terça-feira (28), por ampla maioria, as leis antimanifestação que levaram à radicalização dos protestos no país. Depois de tentar por meses aliviar a crise pela qual a Ucrânia passa, o primeiro-ministro, Mykola Azarov, pediu demissão do cargo.
A aprovação do fim das leis antimanifestação ocorreu em uma sessão especial do parlamento que, ainda hoje, deverá deliberar sobre a anistia de manifestantes detidos em confrontos com a polícia. As leis antimanifestação previam penas de até cinco anos de prisão para quem bloqueasse edifícios públicos e multas ou a detenção administrativa para manifestantes que usem máscaras e capacetes. A legislação também previa a realização de trabalhos comunitários para os autores de difamação na internet, o que foi visto como uma forma de censura.
A adoção dessas leis, em janeiro, resultou em uma radicalização dos protestos da Ucrânia, com violentos confrontos entre manifestantes e policiais, que causaram pelo menos três mortos no centro da capital, Kiev. As contestações se propagaram no resto do país e a maioria das administrações regionais, no Oeste da Ucrânia, foram ocupadas impedindo o trabalho dos governadores nomeados pelo presidente, Viktor Ianukovitch.
As manifestações populares iniciadas há mais de dois meses, foi uma reação a atitude do governo de postergar a assinatura de um acordo de associação à União Europeia. A oposição é contra essa postura e acusa o governo de se submeter à Rússia, tradicional parceiro da Ucrânia na região. Um dos pontos nevrálgicos da questão é a dívida ucraniana - aliviada pela compra de títulos públicos pela Rússia - e a venda de gás natural, cujo maior comprador é o governo russo.
Fonte: Agência Brasil