A presença da Polícia Militar (PM) frustrou uma manifestação marcada para acontecer na tarde de hoje (21) no Shopping Campo Limpo, zona sul paulistana. Os chamados "rolezinhos" vêm acontecendo em shoppings da cidade como protesto contra o projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal no início do mês que proibiu a realização de bailes funk. O projeto ainda precisa ser sancionado pelo prefeito Fernando Haddad. Os jovens, então, marcam encontros onde dezenas de pessoas vão aos centros comerciais. Em alguns, casos houve tumulto e detenções.
Hoje, pelo menos oito homens da Força Tática entraram com armas de balas de borracha e granadas de gás no shopping, que estava cheio com o movimento para o Natal. Os policiais chegaram a abordar grupos de jovens dentro do centro comercial, que acabaram deixando o local. Na página que chamava para o encontro no Facebook, alguns jovens atribuíram à presença da PM o fracasso da manifestação. A polícia também estava com homens, viaturas e motos nas entradas e no estacionamento do shopping.
No início da tarde, a PM informou que estava atenta a "possíveis problemas" no shopping, mas como a segurança do local é feita por empresa privada, só atuaria se fosse acionada, casou "atentado à ordem pública". A assessoria de imprensa do Shopping Campo Limpo não se manifestou.
Para o sociólogo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, João Clemente Neto, as manifestações em shoppings estão ligadas à carência de locais para lazer e cultura. "Se você for em alguns lugares, mesmo nos bairros da classe média, você não encontra espaço para isso. Se você pegar a cidade de São Paulo, quantos milhões de jovens e adolescentes nós temos? E os espaços para livre manifestação são minúsculos", ressaltou o professor que trabalha com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Para Neto, os jovens optam por se manifestar nos shoppings pela visibilidade dos locais e pela mensagem que eles tentam passar. "Tudo que nós falamos de consumo, que ele quer ver e quer consumir, aparece no shopping. E ao mesmo tempo é uma forma de resistência, porque ali é o espaço do consumo. Então, quando você fala ali, é uma forma de se autor reconhecer, daquele grupo se reconhecer naquele espaço", concluiu.
Fonte: Agência Brasil
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