O julgamento que investiga a morte de Diego Armando Maradona, ídolo do futebol argentino, segue em andamento quase cinco anos após seu falecimento, ocorrido em novembro de 2020. Na última quinta-feira, 27, a sexta audiência do caso contou com o depoimento de Carlos Mauricio Cassinelli, médico legista que participou da autópsia do ex-jogador. O especialista apontou como causa da morte um edema pulmonar agudo com insuficiência cardíaca e cardiomiopatia dilatada.
Cassinelli afirmou que Maradona deveria ter sido tratado em um hospital e não na residência onde veio a óbito, localizada em uma propriedade rural em San Andrés, ao norte de Buenos Aires. O legista revelou que o ex-jogador acumulava quatro litros e meio de água no corpo, sendo dois terços no abdômen, e que seu coração estava com o dobro do tamanho normal. Além disso, destacou que Maradona passou por um período agonizante de 12 horas antes da morte.
Outro perito, Federico Corasaniti, reforçou o diagnóstico e explicou que a condição do astro foi se agravando ao longo dos dias, tornando seu falecimento previsível. “O período agonizante é aquele em que, uma vez iniciada a morte, ela é inevitável. Pode ser curto ou longo, dependendo da patologia”, declarou Corasaniti.
O julgamento ocorre em San Isidro, Buenos Aires, e tem quase 200 testemunhas convocadas para depor. Entre os réus estão sete profissionais da área médica que cuidaram de Maradona em seus últimos dias de vida: Leopoldo Luque, neurocirurgião; Agustina Cosachov, psiquiatra; Carlos Diaz, psicólogo; Nancy Forlini, coordenadora médica; Mariano Perroni, coordenador de enfermagem; Pedro Pablo Di Spagna, médico; e Ricardo Almiro, enfermeiro. Todos são acusados de negligência médica e podem enfrentar penas de 8 a 25 anos de prisão.
Maradona faleceu durante a recuperação de uma cirurgia cerebral para retirada de um coágulo. A investigação busca esclarecer se houve falhas no atendimento que poderiam ter evitado sua morte. O julgamento deve seguir até julho, com novos depoimentos previstos para as próximas semanas.