Antes de tudo, muitas pessoas buscam soluções eficazes para alcançar perda de peso de maneira sustentável. Dois medicamentos ganham destaque nesse cenário: Ozempic (semaglutida) e Saxenda (liraglutida).
Ambos pertencem à categoria dos agonistas do receptor de GLP-1, classe farmacológica que auxilia na redução do apetite e no controle glicêmico.
Apesar de compartilharem um mecanismo de ação semelhante, eles apresentam diferenças relevantes em eficácia, posologia e custos, o que pode influenciar a decisão terapêutica e o sucesso do tratamento.
A seguir, será possível conhecer informações detalhadas sobre essas duas substâncias, incluindo dados de estudos, perfis de segurança e pontos que devem ser levados em conta antes de escolher uma delas.
O hormônio GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) é liberado no intestino e tem impacto direto na redução do apetite e na regulação da secreção de insulina.
Medicamentos agonistas desse receptor foram inicialmente desenvolvidos para o controle do diabetes tipo 2, pois ajudam a diminuir os níveis de glicose no sangue.
Por meio da atuação no cérebro e do retardo do esvaziamento gástrico, eles criam a sensação de saciedade, contribuindo para a menor ingestão de calorias.
Ozempic (semaglutida) e Saxenda (liraglutida) se valem desse mesmo princípio, porém apresentam diferenças estruturais que afetam meia-vida, tempo de ação e frequência de aplicação.
Essa variação no perfil farmacológico costuma influenciar o resultado na balança e a conveniência para quem busca emagrecimento efetivo.
A semaglutida possui modificações químicas que prolongam sua meia-vida para aproximadamente uma semana.
Graças a isso, o Ozempic pode ser administrado apenas uma vez por semana. Essa característica leva a uma maior conveniência, pois reduz a chance de esquecimento das doses.
Segundo a endocrinologista Dra. Camila Souza Farias, estudos mostram que pessoas em uso da semaglutida mantêm maior persistência no tratamento, já que a periodicidade semanal se adapta melhor ao dia a dia.
A liraglutida, por sua vez, necessita de aplicação diária. Com meia-vida de cerca de 13 horas, o corpo elimina o fármaco com maior rapidez, exigindo uso contínuo para manter os efeitos de supressão do apetite e controle glicêmico.
Para algumas pessoas, a rotina diária de injeções pode se tornar um obstáculo, resultando em menor adesão ao tratamento.
No entanto, o fato de ter aprovação formal para obesidade no Brasil e cobertura por planos de saúde em certos casos faz do Saxenda uma opção amplamente adotada.
Estudos de população com obesidade mostram resultados favoráveis para a semaglutida. Em um trabalho envolvendo 3.400 adultos, a perda média de peso com Ozempic chegou a 13% do peso corporal em 12 meses, enquanto Saxenda ficou em cerca de 6%.
Além disso, 61% dos participantes que utilizaram a semaglutida atingiram redução de 10% ou mais do peso inicial, em comparação a 29% daqueles que receberam liraglutida.
Esses números também se refletem no diabetes tipo 2, condição em que ambos os medicamentos foram originalmente aprovados.
Pessoas diabéticas tratadas com semaglutida apresentaram redução média de 7% do peso corporal, contra 3% observados com liraglutida.
Tal vantagem na semaglutida se relaciona à sua potência superior e maior estabilidade na ativação do receptor de GLP-1.
Características como IMC inicial elevado e sexo feminino foram associadas a melhores resultados, indicando que cada pessoa pode responder de maneira distinta.
A aderência ao tratamento representa outro fator crítico: manter o esquema de doses prescrito costuma levar a resultados mais expressivos.
Um estudo observacional apontou que pacientes que seguiram corretamente pelo menos 80% das aplicações obtiveram perdas de peso cerca de 40% superiores.
Náuseas, vômitos e diarreia são comuns tanto com Ozempic quanto com Saxenda, atingindo de 20% a 30% dos casos.
Esses efeitos podem ocorrer devido à ação do GLP-1 no esvaziamento gástrico, provocando desconfortos temporários.
Geralmente, tais sintomas tendem a diminuir com o tempo, mas o acompanhamento médico e a adaptação da dieta ajudam a amenizar essas reações.
A semaglutida tem sido associada a um risco maior de colelitíase (formação de pedras na vesícula), provavelmente por conta da velocidade acentuada de emagrecimento que ela proporciona.
Já a liraglutida aparece ligada a índices ligeiramente superiores de hipoglicemia em pessoas com diabetes, sobretudo quando combinada a outras medicações, como sulfonilureias ou insulina.
O esquema de administração é decisivo na escolha entre Ozempic e Saxenda. A injeção semanal da semaglutida se mostra mais prática do que a aplicação diária da liraglutida, de acordo com pesquisas.
Dados indicam que 70% dos pacientes mantêm o uso do Ozempic após seis meses, ao passo que a porcentagem cai para 50% no caso do Saxenda.
Essa diferença na persistência terapêutica traduz maior chance de alcançar resultados consistentes.
Ainda que a frequência de aplicação seja um fator importante, é fundamental acompanhar possíveis reações adversas e ajustar hábitos de vida durante o tratamento.
Estratégias alimentares orientadas por nutricionistas e a prática de exercícios físicos são aliados indispensáveis, pois o medicamento, por si só, não resolve todas as questões relacionadas ao emagrecimento.
No mercado brasileiro, o Ozempic costuma variar entre R$ 800 e R$ 1.200 mensais, dependendo da dosagem semanal.
O Saxenda, por outro lado, chega a R$ 1.500 ao mês, o que pode ser um limitador para boa parte da população.
A semaglutida voltada especificamente para obesidade (Wegovy) ainda não está disponível no país, restringindo o acesso à dose plena de 2,4 mg por semana, recomendada em alguns protocolos internacionais.
Quando o assunto envolve cobertura por planos de saúde, o Saxenda tem indicação formal para obesidade (IMC ≥30 ou IMC ≥27 associado a comorbidades), enquanto o Ozempic é oficialmente autorizado para diabetes tipo 2.
O uso off-label de Ozempic para emagrecimento ganhou espaço em 2023, mas ainda depende do aval médico e das normas dos convênios.
O emagrecimento obtido durante o tratamento com agonistas de GLP-1 precisa ser visto como parte de um processo contínuo.
Dados de pesquisas mostram que 17,7% dos usuários de semaglutida ou liraglutida recuperaram todo o peso perdido um ano após a interrupção.
Por outro lado, 35% mantiveram ou até continuaram emagrecendo. Isso sinaliza a importância de manter uma rotina alimentar equilibrada e a prática de atividade física, visando sustentar o peso saudável no longo prazo.
Programas de reeducação alimentar e acompanhamento psicológico podem auxiliar na transição após a suspensão do medicamento.
De acordo com a endocrinologista para emagrecimento em Goiânia, a obesidade é considerada uma condição crônica, e soluções de curto prazo tendem a levar ao chamado “efeito sanfona”. O ideal é construir uma estratégia que envolva alimentação, exercício e suporte médico, com ou sem o auxílio de fármacos.
O Saxenda tem aprovação formal no Brasil para tratar obesidade, o que torna sua prescrição mais simples em algumas circunstâncias.
O Ozempic aparece como opção para diabetes tipo 2, sendo empregado como agente de emagrecimento em caráter não oficial (off-label).
Essa distinção pode afetar a decisão final, sobretudo quando se trata de cobertura por seguro de saúde ou orientações de guias clínicos.
Alguns especialistas defendem o uso do Ozempic fora do rótulo para perda de peso, principalmente considerando as evidências que indicam índices mais altos de sucesso.
Porém, cada caso deve ser analisado de forma individualizada, levando em conta histórico de saúde e contraindicações específicas.
A tirzepatida (Mounjaro/Zepbound), aprovada nos Estados Unidos em 2023, demonstrou perda média de 25,3% do peso corporal em 88 semanas, superando tanto a semaglutida quanto a liraglutida.
Seu duplo mecanismo, que associa ação em GLP-1 e GIP, promete um avanço adicional no controle da fome. Ainda assim, o acesso a essa terapia no Brasil é limitado, e o custo pode ser ainda mais elevado.
Enquanto outras medicações não chegam ou não se tornam viáveis, Ozempic e Saxenda continuam como opções importantes, sobretudo em situações em que o controle de custos ou contraindicações específicas impedem o uso de fármacos mais novos.
Ozempic (semaglutida) e Saxenda (liraglutida) são medicamentos relevantes para quem busca emagrecer de maneira apoiada em evidências científicas.
A semaglutida demonstra resultados superiores, com maior percentual de perda de peso tanto em indivíduos com obesidade quanto em pessoas com diabetes tipo 2.
Sua posologia semanal tende a elevar a adesão, fator crucial para o sucesso no longo prazo.
A liraglutida, mesmo exigindo aplicação diária, conta com reconhecimento formal para obesidade e possui perfil de segurança relativamente bem estabelecido.
Custos, disponibilidade e características individuais podem pesar na decisão, já que nem todos os pacientes reagem da mesma forma.
O acompanhamento médico especializado é essencial para avaliar riscos e benefícios, além de prescrever a dosagem correta.
Estratégias nutricionais e mudança de hábitos funcionam como alicerces que garantem resultados mais duradouros, uma vez que a medicação sozinha não consegue se manter efetiva sem uma base de hábitos saudáveis.
Busque orientação profissional antes de iniciar qualquer tratamento e invista em um plano alimentar alinhado às suas necessidades.
O caminho para o emagrecimento sustentável inclui múltiplos aspectos, e cada um desempenha papel fundamental na construção de uma vida mais equilibrada.
