O projeto de Sam Altman, fundador da OpenAI e conhecido pelo ChatGPT, tem causado repercussão internacional com a proposta de criar uma identidade digital baseada na biometria da íris. A iniciativa, chamada de rede World, oferece 25 unidades de sua criptomoeda, Worldcoin, atualmente avaliadas em cerca de R$ 13,14 cada, como recompensa pelo registro. O processo, realizado em um dispositivo esférico denominado "orb", utiliza câmeras para capturar a imagem dos olhos e gerar um código único chamado World ID. Segundo a empresa Tools for Humanity (TfH), responsável pelo projeto, a tecnologia é segura e respeita a privacidade dos usuários.
No Brasil, a rede World opera desde novembro de 2023, com 40 pontos de cadastro na capital paulista. Desde então, o número de usuários na América Latina cresceu expressivamente, ultrapassando 6 milhões de pessoas verificadas. A empresa afirma que os dados coletados não são armazenados e servem apenas para confirmar que o usuário é humano. No entanto, o projeto está sob análise da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que investiga possíveis riscos relacionados ao tratamento de informações biométricas, classificadas como sensíveis pela legislação brasileira.
A ANPD requisitou esclarecimentos detalhados sobre o processo de coleta, a base legal para o uso dos dados e os mecanismos de proteção aplicados, especialmente para menores de idade. A agência também enfatizou a necessidade de transparência e de avaliações de risco para proteger a privacidade dos cidadãos. A TfH informou que atendeu às solicitações, mas as operações da rede World enfrentaram restrições em outros países, como Portugal e Espanha, onde foram proibidas devido à insuficiência de garantias sobre a segurança dos dados.
A íris foi escolhida como base para a identificação devido à sua alta confiabilidade, com uma chance de falso positivo de uma em 2 bilhões, muito superior às taxas de reconhecimento facial e de impressão digital. O projeto também busca aplicações práticas, como a verificação de idade em plataformas digitais sem expor informações pessoais. Contudo, especialistas alertam para os desafios éticos e de segurança relacionados ao uso de dados biométricos, especialmente em um cenário onde a proteção de informações sensíveis é uma preocupação crescente.
Apesar das críticas e restrições enfrentadas, a iniciativa tem atraído atenção global e financiamento significativo. Sam Altman, investidor-anjo do projeto, afirma que a proposta está alinhada com as legislações de proteção de dados, como a LGPD no Brasil e a GDPR na Europa.
No entanto, a ANPD ainda não emitiu um parecer definitivo sobre a conformidade do projeto com a legislação brasileira. Enquanto isso, a rede World continua ampliando sua presença no país, oferecendo aos participantes a possibilidade de obter criptomoedas, desde que atendam às exigências de idade e documentação.
Foto: Juan Mabromata/AFP
Divulgação/WorldApp