Bota-foras clandestinos desrespeitam leis e imperam na Grande BH

Autor: Redação Pop Mundi

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17/11/2013
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Cada caminhão carregado de entulho que entra pelo portão azul de uma oficina mecânica na Rua Dionízio Gomes deixa cinco metros cúbicos mais raso um dos poucos vales com remanescentes de mata de cerrado do Bairro Veneza, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. O volume corresponde à média de 6,5 toneladas que cada caçamba carregada com restos de construção, lixo e até material tóxico despeja de forma clandestina no lugar. O sucesso do "empreendimento", vizinho a condomínios de luxo e que cobra R$ 50 a cada despejo, recebendo detritos dos 34 municípios da região metropolitana, obrigou o dono a abrir um outro, em lote na mesma via, para dar conta da demanda. Agora, ele aterra um outro vale, naquele que é um dos mais populosos bairros da cidade de 316 mil habitantes. Apesar de bem conhecidos dos caçambeiros e da vizinhança, e de ficarem bem perto de unidades da Polícia Militar, os bota-foras clandestinos são desconhecidos da Prefeitura de Ribeirão das Neves.

A reportagem do Estado de Minas investigou a composição dos descartes e o destino das caçambas dispostas em Belo Horizonte para mostrar que esquemas como esse, de desrespeito às leis ambientais e de deposição ilegal de resíduos, imperam por toda a Grande BH. O resultado mais grave vem com as chuvas, na forma de enchentes causadas por drenagens de vias bloqueadas, assoreamento de cursos d'água, poluição, riscos de desabamentos e acidentes com veículos.

Especialistas apontam que o florescimento de esquemas irregulares são resultado do aquecimento da indústria da construção civil, em um quadro de fiscalização deficiente e de falta de locais adequados para depósito e reciclagem do material que sobra dos empreendimentos das grandes cidades brasileiras. No rastro das caçambas que partem especialmente de Belo Horizonte foram encontradas áreas de transbordo que não separam produtos perigosos de material inerte e que amontoam resíduos que deveriam ser descartados de forma controlada. Há também caçambeiros que depositam sua carga nas vias ou em aterros clandestinos. Para se ter uma dimensão do problema, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) de BH recolheu no ano passado 223,5 mil toneladas de entulho, sendo 120 mil (53,6%) descartes clandestinos em lotes vagos, vias públicas e margens de cursos d'água. Um volume semelhante de material de construção daria para erguer 1.770 habitações populares. O maior projeto de moradias populares da capital, o Minha casa minha vida do Jardim Vitória II, tem apenas 180 unidades a mais.

Fonte: Estado de Minas

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