A Polícia Civil de São Paulo apreendeu aproximadamente 30 toneladas de creatina em dois galpões ligados ao Grupo Soldiers. A empresa, pertencente a Yuri Silveira de Abreu e Fabiula de Arruda Freire, é uma das maiores no ramo de suplementos alimentares do país.
A ação ocorreu no início do mês e investiga suspeitas de adulteração nos produtos, vendidos em grandes plataformas de vendas online como o Mercado Livre.
Durante a operação, foram lacrados um centro de distribuição na zona leste da capital e uma unidade de manipulação em Jundiaí, interior paulista. Ambos os locais não tinham licenças sanitárias para funcionamento. A Vigilância Sanitária constatou que um dos endereços era originalmente um depósito de móveis usado para armazenar suplementos e que a unidade de Jundiaí não constava nos rótulos da marca, contrariando normas do Código de Defesa do Consumidor.
Documentos apreendidos indicam práticas inadequadas de manipulação dos produtos, como a utilização de ferramentas improvisadas para dissolver creatina empedrada.
Um vídeo circula no grupo de mensagens da empresa em que dois funcionários utilizam martelos e chaves metálicas para quebrar os blocos de creatina que estão em uma caixa plástica no chão.
Conversas de funcionários, encontradas em celulares confiscados, relataram reclamações de clientes sobre contaminações, incluindo larvas, fios de cabelo e pedaços de luvas nos produtos.
A empresa, que pertence aos empresários Yuri Silveira de Abreu e Fabiula de Arruda Freire, autodenominados “rei” e “rainha” da creatina, afirma não haver irregularidades em sua produção. Em nota, a Soldiers destacou que os locais interditados eram de prestadores de serviços eventuais, sem vínculo societário, e que todos os produtos estão à disposição para perícia.
A creatina do grupo está na lista de produtos aprovados pela Abenutri (Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais), mas a polícia investiga falsidade ideológica e crimes contra as relações de consumo. A investigação é um desdobramento de operações anteriores envolvendo venda de produtos vencidos e inconsistências fiscais.
O Mercado Livre, uma das principais plataformas de venda da marca, informou que está apurando o caso e, se forem constatadas irregularidades, os anúncios serão retirados. A polícia destaca que a ausência de informações precisas nos rótulos pode dificultar o controle sanitário em casos de emergência.
A Soldiers afirma que sua fábrica principal segue operando normalmente após recente vistoria da Vigilância Sanitária e que confia na idoneidade de seus produtos, com faturamento previsto de R$ 250 milhões para este ano. As investigações continuam conduzidas pelo Deic.