Mitos e verdades sobre acidentes com escorpiões

Autor: Salomão Rodrigues

Fonte:

08/11/2024

Dados do Ministério da Saúde revelam que em 2023 o país registrou mais de 202 mil acidentes com escorpiões, um aumento de cerca de 11% em relação ao ano anterior. Este é o maior número registrado até agora e a primeira vez que os registros superam duzentos mil. No total as picadas de escorpião resultaram em 134 mortes no período.

O Sudeste lidera em número de acidentes com escorpiões, com São Paulo à frente. A maioria dos casos ocorre em zonas urbanas, o que reforça a importância da prevenção em áreas residenciais. Entre as vítimas, pessoas entre 20 e 29 anos são as mais acometidas.

A espécie de escorpião mais comum em acidentes no Brasil é o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), predominante nas áreas urbanas e responsável pela maior parte dos casos graves de envenenamento. Ao contrário do que muitos acreditam, não existe um período ano específico para a reprodução desses animais. Em condições de alimentação adequadas, o escorpião-amarelo pode se reproduzir mais de duas vezes ao ano por partenogênese, processo em que a fêmea se reproduz sem a necessidade de um macho.

Além disso, não há relação entre a reprodução e o aumento da toxicidade do veneno. A concentração de veneno varia conforme a espécie, o estado nutricional e a idade do escorpião. A picada pode resultar em um acidente leve, moderado ou grave, mas o escorpião também pode provocar uma “picada seca”, sem injetar veneno.

Os sintomas mais comuns de uma picada de escorpião incluem dor intensa e imediata no local, que pode irradiar pelo membro afetado, além de inchaço e vermelhidão. Nos casos mais graves, principalmente em crianças, as reações podem evoluir para sintomas sistêmicos graves, como sudorese excessiva, vômitos, alterações na pressão arterial e até edema pulmonar e choque. Em 2023, a taxa de letalidade foi muito maior em casos em que o atendimento foi procurado após 24 horas da picada.

Para evitar escorpiões, é recomendado fechar frestas e buracos nas paredes e pisos, além de instalar telas em ralos, janelas e portas. Manter quintais e jardins limpos, livres de entulhos e lixo, também é essencial, já que baratas e outros insetos que atraem escorpiões costumam se esconder nesses locais. Em atividades de jardinagem e manuseio de objetos, é aconselhável usar luvas e calçados como medida de proteção pessoal. Em casa, recomenda-se afastar camas e berços das paredes e verificar roupas e calçados antes de usá-los para evitar acidentes com esses animais.

Em caso de picada de escorpião, é importante que a pessoa mantenha a calma e afaste a vítima do animal. Não se deve usar gelo, pois isso pode intensificar a dor; em vez disso, recomenda-se aplicar uma compressa de água morna para aliviar o desconforto. É fundamental buscar atendimento médico imediatamente.