Ex-apresentador de TV é surpresa de eleição no Chile

Autor: Redação Pop Mundi

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10/11/2013
Franco Parisi inova na forma de fazer campanha / Foto: Divulgação Franco Parisi inova na forma de fazer campanha / Foto: Divulgação

Terceiro colocado na corrida presidencial do Chile com 15% das intenções de voto, atrás da socialista Michelle Bachelet (35%) e da direitista Evelyn Matthei (22%), o sem-partido Franco Parisi, 46, a novidade dessa eleição, rechaça ser chamado de candidato de centro-direita.

Mas também não se define ideologicamente. "Sou um candidato complexo. Se há boas ideias na direita, nós usaremos. Se há boas ideias na esquerda, nós usaremos", afirmou à Folha por telefone, de Santiago.

Mesmo que admita se apropriar de propostas dessas duas correntes, uma das marcas da candidatura do economista é atacar a polarização política no Chile. "A quem interessa direita e esquerda? A mim não interessa", diz um de seus spots publicitários.

"Os partidos aqui têm sido apropriados por uma elite de políticos que não respeitam a necessidade de renovação. O Chile precisa de um governo de unidade nacional que não governe nem para a esquerda nem para a direita", continua ele.

Para poder concorrer à Presidência na eleição do próximo dia 17 como candidato independente, o que a legislação eleitoral permite, precisou recolher 50 mil assinaturas de apoio.

Parisi, que é também empresário, ganhou notoriedade ao virar apresentador de TV. Junto com seu irmão Antonio apresentava "Os Parisi - o Poder da Gente" em um canal pago.

A atração era focada na explicação de conceitos de economia para leigos. E também fazia denúncias de empresas que não respeitavam os direitos dos consumidores. Sua trajetória lembra um pouco a de Celso Russomanno no Brasil, que também entrou para a política após obter projeção nacional na TV.

Elitismo

Crítico das elites ( "o Chile sempre foi um país dirigido pelas elites. Entre ricos e pobres, entre esquerda e direita, entre Norte e Sul"), diz que em seis anos os ricos do país dobraram seus patrimônios.

E avisa em sua campanha: "Se chegarmos ao La Moneda, a mensagem será clara: o poderoso vai ser menos poderoso".

Mas, para financiar sua candidatura, vendeu seu carro, pertencente à elite dos automóveis: um Porsche 911 (no Brasil, o veículo custa a partir de R$ 549 mil). "Eu tinha esse carro porque era meu sonho de infância. E trabalhei muitos anos como professor nos Estados Unidos, ganhava bem", explica.

O carro também foi usado como uma analogia pelo candidato no último debate eleitoral, há alguns dias.

Ao falar que os chilenos tinham que voltar a sonhar e ter oportunidades, declarou: "Oxalá que se um professor quiser comprar um Porsche, ele possa".

Mesmo em terceiro lugar nas sondagens, acredita que em uma semana conseguirá reverter a situação e disputar o segundo turno com Bachelet. "O que interessa é que aparecemos com 26% entre os jovens. Queremos que os jovens saiam para votar e assim poderemos estar no segundo turno", diz. No Chile, o voto não é obrigatório.

Reta Final

Na disputa por esse segundo lugar e um possível segundo turno, o embate entre Parisi e Evelyn Matthei aumentou nas últimas semanas, com trocas de acusações.

A candidata diz que o economista possui uma dívida trabalhista de 500 milhões de pesos chilenos (US$ 1 milhão) com professores e funcionários de dois colégios arrendados pela família Parisi. Ele reconhece que há uma dívida, mas com valor inferior.

A socióloga Kirsten Sehnbruch, professora da Universidade do Chile, diz que a boa colocação de Parisi nas pesquisas em sua primeira eleição é fruto da personalização política no país: "As pessoas estão cansadas dos partidos. E Parisi capta justamente esse fenômeno do eleitorado cansado das mesmas caras".

Segundo ela, os eleitores do economista são pessoas de direita, jovens e com recursos, "que não se importam com partidos nem com o antes ou depois da ditadura" do país. "É um voto de protesto". Parisi rebate: "É um voto inteligente".

Fonte: Folha de S.Paulo

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