A imprensa venezuelana denunciou que duas jornalistas e um fotógrafo do jornal "Diario 2001" foram agredidos e presos na tarde desta sexta-feira (1º) por militares quando cobriam uma feira popular natalina organizada pelo governo.
"Os jornalistas Eliscartt Ramos, Dayana Escalon e Jorge Santos (fotógrafo) foram atacados por militares quando cobriam a Feira Natalina de Los Próceres e estão detidos em Forte Tiuna", em Caracas, denunciou o site da publicação.
No início da noite, o grupo foi solto após passar várias horas no quartel do Exército. "Estamos livres (...) depois de um longo pesadelo. Mas vamos continuar fazendo jornalismo", escreveu a jornalista Eliscartt Ramos.
O "Diario 2001" é alvo de uma investigação da Procuradoria-Geral após publicar, no último dia 10 de outubro, uma matéria sobre a falta de gasolina em Caracas, o que provocou uma forte reação do presidente Nicolás Maduro.
Segundo a diretora do Diario 2001, Luz Mely Reyes, os jornalistas estavam em Los Próceres cobrindo uma feira de alimentação quando ocorreu um alvoroço entre algumas pessoas que estavam lá, o fotógrafo fez algumas imagens e oito militares o agrediram e o levaram preso.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tem multiplicado nos últimos dias suas críticas aos meios de comunicação, que acusa de participar de um plano da oposição para provocar o colapso do governo.
Na quinta-feira (31), Maduro denunciou "um ataque em massa envolvendo o Twitter e a direita internacional contra as contas de patriotas bolivarianos e chavistas venezuelanos, incluindo a minha, da qual acabam de tirar milhares de seguidores".
Há uma semana, ele anunciou a reativação dos comandos anti-golpe-cívico-militares, criados pelo ex-presidente Hugo Chávez, para combater o "golpe continuado" da oposição por meio da guerra econômica e da sabotagem de instalações estratégicas.
"Estamos diante da presença não apenas de uma guerra (econômica), mas também diante de um golpe continuado contra o Estado e contra o povo. Por isto, decidi e vamos reativar o comando anti-golpe criado pelo comandante Chávez".
Maduro acusa a oposição pelas falhas no fornecimento de energia elétrica - como oapagão que afetou grande parte da Venezuela no início de setembro ou a explosão que em agosto de 2012 paralisou a refinaria Amuay - e pelo desabastecimento crônico no país.
A crise econômica se aprofundou na Venezuela em 2013, com contínuas altas nos preços dos alimentos e escassez de alguns produtos. Analistas projetam que a inflação alcançará 50% ao ano contra um prognóstico inicial do governo de entre 14% e 16%.
O país enfrenta uma escassez cíclica de alimentos como açúcar, café, azeite e leite, ou produtos básicos como papel higiênico.