Os principais candidatos da presidente argentina, Cristina Kirchner, sofreram ontem derrotas nas eleições parlamentares que renovaram metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado nas maiores províncias do país. Na de Buenos Aires, que concentra 38% do eleitorado, o ex-kirchnerista Sergio Massa derrotou o candidato do governo, Martín Insaurralde, segundo dados preliminares da apuração oficial. Em âmbito federal, os vários partidos de oposição somaram 72% dos votos; o governo, apenas 28%.
Na segunda maior província do país, Córdoba, com 64% das urnas apuradas, o peronismo dissidente teve 26% dos votos, enquanto a União Cívica Radical teve 22,4%. Os kirchneristas amargavam o terceiro lugar, com 15,2%. Um cenário similar ocorreu na Província de Santa Fe, onde os socialistas - críticos do governo Kirchner - marcavam 43% dos votos, com 47% das urnas apuradas. O partido Proposta Republicana (PRO), de centro-direita, tinha 27,4%. O kirchnerismo alcançava 22,4%.
Na cidade de Buenos Aires, com 63% das urnas apuradas, o PRO teve 34%, enquanto que a Unen, coalizão de centro-esquerda, anti-kirchnerista, obteve 32%. Os candidatos kirchneristas tinham 21,9%.
Apesar da derrota, com a renovação parcial do Parlamento, a presidente conseguiria manter, a duras penas, a maioria no Congresso. Entre parlamentares que permanecem e as vagas renovadas, o governo teria na Câmara 115 deputados próprios e 17 aliados. Assim, teria 132 cadeiras, proporção levemente superior à maioria simples de 129 - hoje, o governo e seus aliados têm 135 deputados.
No Senado, o bloco governista conta hoje com 42 senadores. Com os resultados de ontem, esse número cairia, de acordo com projeções de boca de urna, para 38, duas cadeiras acima da maioria simples. Com a perda de prestígio, avaliam analistas, o governo deve ter dificuldades para manter a fidelidade de seus parlamentares.
O analista político Carlos Fara, da consultoria Fara & Associados, disse ao Estado que o resultado das urnas, a princípio, possibilitaria que o governo tenha a maior bancada do Parlamento, mas sem maioria absoluta. Para isso, precisaria do apoio de aliados. "Possivelmente, assim, conseguirá a maioria", disse. "Mas, a dúvida é se, ao longo do tempo, não haverá deserção na base aliada. O quadro inicial, de leve maioria, poderia, em pouco tempo, modificar-se de maneira desfavorável ao governo."
Corrida. A derrota política de Cristina precipitou informalmente a corrida para as eleições presidenciais de 2015. Pelo lado do governo, entre os mais cotados estão o governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli, que é visto com desconfiança pelos colaboradores próximos da presidente, que não o considera suficientemente leal a ela.
Outros kirchneristas com aspirações presidenciais são os governadores de Salta, Juan Manuel Urtubey, e o de Entre Rios, Sergio Urribarri.
No peronismo dissidente, está o governador de Córdoba, Juan Manuel de la Sota, e o próprio Massa, estrela destas eleições, que formou sua sublegenda peronista própria, a Frente Renovadora.
Na oposição não peronista, o único presidenciável declarado é Maurício Macri, líder do partido PRO, atual prefeito de Buenos Aires e ex-presidente do Boca Juniors.
Fonte: Agência Brasil