A Justiça da China confirmou sexta-feira (25) a condenação à prisão perpétua do ex-líder comunista Bo Xilai, 64 anos, protagonista de um dos maiores escândalos da política chinesa nas últimas décadas. O tribunal da província de Shangdong, no Leste da China, rejeitou o recurso interposto por Bo Xilai, mantendo o veredito do tribunal de primeira instância, que, em agosto passado, julgou o ex-membro do Politburo, o Comitê Central do Partido Comunista Chinês, por corrupção, fraude e abuso de poder.
Teoricamente, Bo Xilai ainda pode recorrer ao Supremo Tribunal Popular da China, a última instância da Justiça do país. Esse tribunal, no entanto, apenas reexamina processos que culminaram em condenações à morte - o que não é o caso do ex-líder. Bo Xilai foi considerado culpado por ter aceitado subornos de 20,4 milhões de yuans (cerca de R$ 7,3 milhões) e de ter se apropriado de 5 milhões de yuans (aproximadamente R$ 1,8 milhão) de fundos públicos.
O abuso de poder pelo qual foi condenado está relacionado à investigação do homicídio de um empresário britânico em Chongqing, no interior do país, em novembro de 2011, quando Bo Xilai era o líder do partido na cidade. No ano passado, a mulher de Bo Xilai, Gu Kailai, foi condenada à morte, com pena suspensa por dois anos, pela morte do empresário. O então chefe da polícia de Chongqing e vice-presidente da Câmara local, Wang Lijun, que inicialmente encobriu o crime, foi condenado a 15 anos de prisão.
Há um ano, ao anunciar a expulsão de Bo Xilai, a Comissão Central de Disciplina do PCC disse que o antigo líder "prejudicou significativamente a reputação da China". Durante o julgamento, que ocorreu no tribunal de primeira instância de Jinan, capital de Shantung, no Nordeste do país, Bo Xilai admitiu ter cometido "alguns erros", mas negou todas as acusações.
Até há menos de dois anos, Bo Xilai era um dos políticos mais populares da China e um forte candidato ao Comitê Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do poder, composta por apenas sete pessoas. Ex-ministro do Comércio e filho de um antigo vice-primeiro-ministro, Bo Xilai era uma espécie de líder da chamada nova esquerda, que defendia a retomada da Revolução Cultural (1966-76) e criticava as crescentes desigualdades sociais.
A condenação de Bo Xilai à prisão perpétua é a sentença mais pesada imposta a um ex-membro do Politburo do PCC em cerca de três décadas. A decisão foi considerado uma prova do prometido empenho da nova liderança chinesa em combater a corrupção.
O julgamento de Bo Xilai foi também considerado o mais transparente realizado no país, sendo saudado na imprensa oficial como "um grande passo rumo à institucionalização do primado da lei" e uma demonstração de que "ninguém está acima da lei". Em um gesto sem precedentes, o Tribunal de Jinan usou o Sina Weibo, o Twitter chinês, para relatar o que se passava na sala de audiências, incluindo algumas declarações do acusado.
Fonte: Agência Brasil