Os últimos 10 dias foram marcados pelas chuvas regulares e em bons volumes sobre grande parte das regiões produtoras de café do Sudeste e também do Paraná. Com isso, os níveis de umidade do solo se mantêm elevados ao ponto de permitir um bom suprimento hídrico para as plantas nas próximas semanas. Desse modo, os cafezais continuam apresentando bom enfolhamento e os grãos, que estão em fase de chumbinho, já apresentam bom pegamento e, sobretudo, um bom desenvolvimento.
O problema é que as chuvas mais regulares e em bons volumes associadas às temperaturas mais amenas das últimas semanas também fazem muitos cafezais começarem a apresentar algumas doenças. É o caso da Cercospora e da Phoma, dois fungos que estão com seu percentual mais elevado nas lavouras.
- Até o momento essas doenças não vêm causando reduções no potencial produtivo das plantas. O grande problema é que alguns produtores de São Paulo e Minas Gerais estão diminuindo os investimentos em tratos culturais em suas lavouras, o que poderá resultar em reduções futuras - explica o agrônomo Marco Antônio dos Santos, consultor da Somar Meteorologia.
Segundo Santos, isso vem ocorrendo pelos preços baixos da commodity e a falta de incentivo do governo ao setor. Mesmo assim, a perspectiva é que na próxima safra de 2014 a produção seja superior à última safra, podendo superar os 52 milhões de sacas de café e acima dos 38 milhões de sacas de café arábica. Com as boas condições climáticas que vem sendo registradas ao longo desse início de safra, o desenvolvimento dos grãos está muito bom e não há grandes anomalias que possam reduzir essas expectativas.
Paraná
No Paraná, as lavouras de café foram bem mais prejudicadas com as geadas intensas de julho. A parcela que foi replantada já começa a brotar, mas a totalidade deste café só deverá ter uma florada por completo em setembro de 2014 e, consequentemente, isso resultará em uma produção menor na safra de 2015. Dessa maneira, alguns cafeicultores, cujos cafezais foram totalmente danificados e precisariam replantar toda a área, estão optando por substituir seus cafezais por outra cultura - isso onde o relevo permite.
Esta condição poderá levar a uma redução ainda mais drástica na produção paranaense de café ao longo desses próximos anos. O motivo mais pertinente a essa substituição de cultura é o preço baixo da commodity. De uma forma geral, as quebras do Paraná não afetam a safra de café no Brasil como um todo. O Paraná contribui com menos de 10% da produção nacional de café. Os maiores produtores são Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo - Estados para os quais a previsão para os próximos 15 dias ainda indica pancadas de chuva.
A chuva deverá ser mais volumosa justamente em Minas Gerais, com volumes que podem chegar aos 150 milímetros no centro e norte do Estado. São áreas que estavam muito secas e precisam desta água. O norte mineiro tem cidades onde a água disponível no solo gira em torno dos 10%.
Fonte: RuralBr