Pequenos produtores têm dificuldades em aderir à mecanização da colheita de cana

Autor: Redação Pop Mundi

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20/10/2013

Em São Paulo, a queima da palha de cana deve acabar até 2017; muitos produtores não conseguem trabalhar com máquinas devido à irregularidade dos terrenos

Foto: Rural Br Foto: Rural Br

A colheita mecanizada de cana-de-açúcar avança a cada ano no Estado de São Paulo. O crescimento, no entanto, prejudica pequenos produtores que possuem terrenos irregulares. Muitos encontram dificuldades e já estão pensando em abandonar a cultura.

O produtor Pedro Chinelato Filho acabou de colher as lavouras de cana de sua propriedade de 12 hectares em Saltinho, no interior de São Paulo. A área deveria ter sido colhida em agosto, mas o serviço só foi realizado agora porque a propriedade tem o terreno acidentado, o que impede a entrada de máquinas para fazer o corte.

- Tanto pela declividade quanto pelo comprimento da cana. É muito curto. Vira demais a máquina e acaba estragando a soqueira. O pico de ATR dessa cana seria em agosto. Então, a gente está com atraso de praticamente 60 dias - reclama o produtor.

Desde o ano passado, a licença expedida pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) que autorizava a queima da palha da cana-de-açúcar na região de Piracicaba foi suspensa. Com isso, os pequenos produtores estão com dificuldade, já que os custos de produção aumentaram.

Em São Paulo, a queima da palha deve acabar até 2014 nas áreas mecanizadas e em 2017 nas demais áreas. Na região de Piracicaba, 19 municípios estão proibidos pela Justiça de realizar a queimada com pena de multa. O irmão de Pedro, Dimas Chinelato, tem uma propriedade de cinco hectares, mas sua situação é pior. Ele não tem como conseguir trabalhadores para o corte, já que com a palha fica mais difícil trabalhar. As colheitadeiras não conseguem fazer o trabalho devido ao declive do terreno. O produtor está desesperado com a situação, já que pode perder cerca de 30% da produção.

De acordo com a Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (Afocapi), com a queima da palha, incluindo o transporte, o custo do corte é de R$ 25,00 por tonelada. Para o corte manual seco, o custo chega a R$ 32,00 por tonelada e para a colheita mecanizada fica em R$ 22,00.

- De maneira geral, nós passamos por uma das maiores crises do setor. O valor da cana hoje está R$ 12,00 abaixo do custo de produção, está em torno de R$ 70,00, e nós estamos recebendo R$ 58,00. Não está compensando produzir cana hoje - diz o gerente técnico da Afocapi, José Rodolfo Penatti.

Para Penatti, a solução é dar mais prazo para o produtor queimar a palha da cana.

- A única solução seria dar mais prazo para ele poder respirar, e combinar com o governo do Estado para ele poder continuar fazendo a lavoura da cana. Com a canetada, nós simplesmente fomos marginalizados. A situação ficou crítica. Ou ele muda ou vai ficar difícil plantar nessas áreas - afirma.

- Eu acredito que para o pequeno produtor não tem condições. A gente não vê chances. Com um terreno desses, não tem condições - reclama Pedro Chinelato.

Fonte: Rural Br