O vice-presidente para a Área Econômica da Venezuela, Rafael Ramírez, disse sexta-feira (18) que o governo do país não planeja promover uma nova desvalorização da moeda venezuelana, o bolívar, em relação ao dólar. "Isso é mentira. Nós não planejamos uma desvalorização", declarou ao negar os rumores de que o governo pode adotar a medida. Segundo ele, existem setores que querem "criar a percepção de que há um desajuste econômico pela ausência da moeda americana".
Em fevereiro deste ano, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou uma desvalorização da moeda americana, para o valor de 6,30 bolívares. O país enfrenta problemas com a alta inflação, registrada em 49,4% no acumulado dos últimos 12 meses, além da especulação financeira. No mercado paralelo, o dólar ultrapassa os 40 bolívares.
Ramírez disse que há uma "pressão" para que ocorra uma desvalorização. "Se eles querem que façamos isso, estão perdendo tempo", acrescentou. A escolha de Ramírez como novo vice-presidente da Área Econômica é considerada por analistas venezuelanos um indício de que o governo pode adotar medidas para estatizar empresas e aumentar o controle cambiário.
Quanto às mudanças que pretende fazer, ele disse que a Venezuela está construindo o socialismo. "Estamos trabalhando e planejando para chegar ao modelo do socialismo bolivariano - que está em construção e em uma fase de transição."
Além disso, ele declarou que o governo adotará um maior controle do sistema monetário, com uma "administração mais justa que ofereça divisas para atender às necessidades da população e da produção".
Há duas semanas, o governo anunciou que começaria a realizar leilões semanais de dólar, para combater a especulação da moeda e, indiretamente, garantir o abastecimento de produtos da cesta básica e a produção das empresas privadas.
Além dos leilões, a Comissão de Administração de Divisas (Cadivi) começou a fiscalizar as autorizações de viagem nos aeroportos internacionais do país. O processo visa a comprovar se o destino para o qual o passageiro viajou correspondente ao informado no pedido de solicitação de saída. O documento é um dos requisitos para a Autorização de Aquisição de Divisas (AAD), que os venezuelanos devem pedir para levar dólares ao país.
Com a especulação do mercado paralelo, houve aumento de viagens de venezuelanos e de estrangeiros que vivem no país ao exterior, para destinos próximos, como Miami (Estados Unidos) e países como o Panamá, Colômbia e Equador. São lugares em que não há controle de câmbio e em que se pode comprar dólar com maior facilidade. As "viagens pelo dólar", geralmente de curta duração, explicam a dificuldade de se conseguir passagens áreas de Caracas para essas cidades ou países. De acordo com a Cadivi, na operação feita hoje, não foi encontrado nenhum passageiro em viagem irregular.
O governo de Nicolás Maduro vem anunciando reitera que fará uma grande reforma econômica nos próximos dias. Outra medida tomada para minimizar os efeitos da alta inflação será o aumento do salário mínimo. O presidente decidiu hoje que, a partir do dia 1º de novembro, fará uma reposição salarial de 10%. O salário mínimo mensal atual é 2.702,73 bolívares.
Em setembro o governo já havia dado um aumento de 10%, e, em maio, de 20%. De acordo com o governo venezuelano, o salário mínimo do país será o mais alto da América Latina.
Fonte: Agência Brasil