Presos ligados ao PCC usavam rádios para burlar bloqueador de celular

Autor: Redação Pop Mundi

Fonte:

22/10/2022

Presos da Penitenciária de Valparaíso (SP), ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), usavam rádios HT (sigla para Hand Talk, em inglês) nas celas para se comunicar com os comparsas nas ruas e também com detentos de outras unidades prisionais do estado.

O esquema foi desmontado ontem (21) por policiais civis de Araçatuba. Os agentes cumpriram 16 mandados de busca e apreensão. Uma pessoa foi presa. Quatro casas de apoio montadas pela facção criminosa na região foram fechadas.

A Penitenciária de Valparaíso dispõe de bloqueador de celulares. Segundo agentes penais, os presos tiveram acesso a cinco HTs (rádios transmissores portáteis) e conseguiram burlar o sistema graças a esses equipamentos. Com os rádios, os prisioneiros se comunicavam com as casas de apoio.

Agentes penais explicaram que o bloqueador de celular só consegue impedir as ligações feitas por meio de aparelhos móveis sem detectar as comunicações realizadas por HTs. A Polícia Civil apurou que a ideia do PCC era difundir esse esquema de comunicação para todos os presídios. As casas de apoio funcionavam como centrais telefônicas. No presídio foram apreendidos três rádios, mas a suspeita é de que havia cinco.

Nas casas de apoio alugadas pelo PCC os policiais civis encontraram 13 HTs, 11 baterias para carregar os radiocomunicadores, 171 aparelhos de telefone celular, drogas, balança de precisão, dinheiro, documentos e até estimulantes sexuais.

Ao menos 70 policiais civis participaram da operação, batizada de Ponto de Apoio, em referências as casas alugadas pela facção criminosa. Segundo o delegado José Abonízio, as investigações começaram em junho deste ano, com uma apuração sobre tráfico de drogas na região.

Os imóveis locados ficavam nas imediações do presídio, já que os HTs conseguem fazer as transmissões a uma distância de 6 a 7 km. A Polícia Civil quer saber como os presos tiveram acesso aos radiocomunicadores e apura se houve l envolvimento de funcionários no esquema.

A Penitenciária de Valparaíso tem capacidade para 873 presos, mas até essa sexta-feira (21) abrigava 1.297. Na unidade prisional estão recolhidos detentos integrantes do PCC e simpatizantes da facção criminosa. O presídio não recebe prisioneiros ligados a outras organizações rivais.



OUTRO LADO

Em nota, a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) informou que a operação dentro do presídio de Valparaíso foi realizada por policiais civis em conjunto com equipes da Pasta.

A SAP ressalta que a política do governo de São Paulo é de não tolerar ilícitos nas unidades prisionais. A nota diz ainda que, além da vigilância permanente dos agentes, os presídios são equipados com escâner corporal, aparelhos de raio-x e detectores de metais para coibir e reduzir o número de ocorrências.

Segundo a SAP, os presos envolvidos no esquema foram isolados em um pavilhão da unidade, onde já cumprem sanção disciplinar.

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Foto: divulgação/Polícia Civil
Reportagem: Josmar Jozino/Uol