“Rio de Janeiro, 2 de setembro de 1.822
Pedro,
]O Brasil está como um vulcão”.
Mais direta, impossível. Era mais do que uma correspondência de amor. O início da carta de Maria Leopoldina da Áustria, então com 25 anos de idade, para o marido, o imperador D.Pedro I, manifestava angústia e um chamado para uma transformação do Brasil. Na verdade, uma separação (de Portugal).
“Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças se partirmos agora para Lisboa. (...) O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com vosso apoio ou sem vosso apoio, ele fará sua separação”
Para ela, o fruto (a independência) estava maduro.
“O pomo está maduro, colheio-o já, senão apodrecerá. Já dissestes aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois”.
Para três biógrafos e pesquisadores da vida de Leopoldina, consultados pela Agência Brasil, a princesa atuou de diferentes formas que foram primordiais para que ocorresse a Independência do Brasil.
Os historiadores Mary Del Priore, Clóvis Bulcão e Paulo Rezzutti entendem que ações de bastidores, com autoridade intelectual diferenciada, e sentimento de preservação do trono, resultaram para que o dia 7 de setembro tivesse entrado para a história.
Para a professora Mary Del Priore, a princesa regente foi certamente uma das personagens "mais cativantes desse grande momento”, afirma a autora do livro A Carne e o Sangue: A Imperatriz D. Leopoldina, D. Pedro I e Domitila, a Marquesa de Santos.
Para o escritor Clóvis Bulcão, autor de Leopoldina: a Princesa do Brasil, o "Sete de Setembro" ocorre por conta das cartas que vêm do Rio de Janeiro, tanto encaminhadas por José Bonifácio como pela princesa. Davam sinal verde para o que parecia inimaginável naquele reino: uma independência.
Informações: Luiz Cláudio Ferreira/Agência Brasil
Foto: Reprodução/D.Leopoldina/A história não contada/Paulo Rezzuti