Após derrota no TSE, Marina diz que coerência definirá seu futuro

Autor: Redação Pop Mundi

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04/10/2013

Após a derrota no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ex-ministra Marina Silva reuniu-se durante a madrugada por seis horas com militantes envolvidos no processo de criação da Rede Sustentabilidade para discutir uma possível filiação a outra legenda ou o abandono do projeto de candidatura presidencial em 2014. Na saída, exatamente às 5 horas da manhã, Marina afirmou que não terá uma "crise de incoerência na decisão".

A reunião aconteceu no apartamento de uma amiga da ex-ministra na Asa Sul, em Brasília. No discurso a aliados, Marina falou sobre algumas premissas que pretende levar em conta em sua decisão. Em um momento de maior ênfase foi possível ouvir do lado de fora do prédio algumas expressões, confirmadas por alguns dos participantes. "O que é melhor é uma construção que coloque em primeiro lugar a coerência", disse a ministra por volta das 2h30. Ela afirmou ainda que é preciso uma solução que busque o melhor para o país, não para aspirações pessoais. Reafirmou ainda o discurso de que a Rede sai fortalecida do TSE por ter sua lisura reconhecida, ainda que com a derrota no aspecto legal.

Na saída, questionada sobre a declaração, a ministra afirmou que tem repetido o princípio como um "mantra", demonstrando bom humor. "Isso (Coerência) é o que vocês mais ouvem eu falar, é quase um mantra, vocês acham que eu ia ter uma crise de incoerência?", disse.

Segundo participantes da reunião, foram discutidos possíveis adesões a PPS, PEN e PHS. Para disputar, Marina precisa se filiar até sábado. Nova reunião será realizada nesta sexta-feira e o anúncio deve ocorrer no início da tarde. O grupo envolvido no projeto da Rede se dividiu. Parte entende que uma candidatura por outro partido criaria problemas para a imagem de Marina e a impediria de fazer o debate político que deseja. Outros, porém, afirmam que não é possível esperar até 2018 para apresentar-se como alternativa e a aconselharam a buscar a legenda existente que traga menos desgaste. Alguns observaram que um partido pequeno seria melhor por permitir que o grupo de Marina tenha o controle da campanha.

O coordenador-executivo da Rede, Bazileu Margarido, destacou que toda a mobilização do grupo só foi possível até agora pelos princípios nos quais está embasado. "Isso só é possível porque tem outra coisa que dá sustentação, que é a credibilidade e a coerência. Qualquer decisão para frente tem de levar em consideração a credibilidade e a coerência em relação à nova política", afirmou, na saída.

A reunião começou por volta de 23 horas, após um debate inicial sobre qual a amplitude dos participantes. Integrantes da Executiva e os deputados federais Alfredo Sirkis (PV-RJ), Miro Teixeira (PDT-RJ), Reguffe (PDT-DF) e Walter Feldman (sem partido-SP) participaram. O deputado Domingos Dutra (PT-MA) e a vereadora de Maceió (AL) Heloísa Helena (PSOL) não compareceram.

Houve momentos de tensão. Em um deles, Marina discutiu com Sirkis, segundo relatos dos presentes. Argumentando que todos os partidos têm problemas, o deputado observou ser a própria Rede um grupo eclético por unir progressistas, a esquerda radical e também evangélicos de direita. Marina reagiu questionando se por ser evangélica seria de direita. Sirkis, então, fez uma série de críticas reclamando da lentidão do processo de criação da Rede, iniciado com o Movimento Nova Política em 2011, da dificuldade para os parlamentares envolvidos, e de agora ter de tomar decisões em apenas um dia. Saiu irritado do apartamento na metade da reunião, recusou-se a dar entrevistas e afirmou que estava indo para o Rio de Janeiro. Em outra situação, apoiadores teriam discutido ao um deles defender "poder de síntese" nas manifestações. Um dos integrantes protestou dizendo que o debate era sobre o futuro do Brasil.

Na discussão sobre uma possível filiação, aliados debateram sobre PPS, PEN e PHS, sempre com conflitos e acusações da existência de incoerências na adoção de uma destas legendas. Os dois primeiros foram citados por mais participante. Foi relatado ainda que o PDT ofereceu a legenda por meio do presidente Carlos Lupi, demitido do ministério do Trabalho em 2011 no processo de faxina. O convite não foi tratado pelos integrantes do grupo.

O debate ainda em andamento não impede que os parlamentares busquem alternativas. Dutra, que nem compareceu à reunião, pode filiar-se ao Solidariedade. Miro Teixeira pode ter o PROS como destino. Alfredo Sirkis relatou que tem conversas com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato à presidência pelo PSB. Apenas Walter Feldman estaria disposto a acompanhá-la em qualquer caminho.

Fonte: Agência Estado