Brasil e Uruguai escrevem, nesta terça-feira (17), mais um capítulo de uma rivalidade histórica. No Estádio Centenário, em Montevidéu, às 20h, as duas equipes se enfrentam em jogo válido pela quarta rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA Catar 2022. O duelo ainda marca o fim de 2020 para a Seleção, um ano atípico, com apenas quatro jogos disputados.
Atual líder das Eliminatórias, a Seleção Brasileira entra em campo para manter o 100% de aproveitamento das três primeiras rodadas e, de quebra, igualar uma marca de mais de 50 anos. Em caso de nova vitória nesta terça-feira, o Brasil chegará ao seu melhor início nas Eliminatórias desde 1969, quando conquistou a vaga para a Copa do Mundo do México.
Depois de vencer Bolívia, Peru e Venezuela, a Seleção ocupa a liderança das Eliminatórias da Copa do Mundo, com nove pontos conquistados. Com duas vitórias, uma derrota e seis pontos somados, o Uruguai está na quarta posição. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, o técnico Tite previu um duelo complicado diante da Celeste no Centenário.
"Esse jogo tem características diferentes. Jogar contra a Venezuela em casa, tem uma proposta do adversário. O Uruguai jogando dentro da sua casa é uma outra proposta. Nós vamos ser mais exigidos defensivamente do que fomos contra a Venezuela. Paralelamente a isso nós vamos ter mais espaços para criações ofensivas. É um jogo que se caracteriza com estratégias, formas e ideias de futebol diferente de um jogo para o jogo. Essa é a preparação que a gente procurou fazer", analisou.
Também na entrevista, Tite confirmou que deve manter a base do time que enfrentou a Venezuela. A maior dúvida fica por conta da presença ou não de Allan entre os titulares. Nos treinamentos, Arthur foi testado na vaga do volante. Sendo assim, a Seleção deve ir a campo com a seguinte escalação: Ederson; Danilo, Thiago Silva, Marquinhos e Renan Lodi; Allan (Arthur), Douglas Luiz, Everton Ribeiro, Roberto Firmino, Richarlison e Gabriel Jesus.
Desfalques dos dois lados
Antes do duelo com o Brasil, o Uruguai afastou três jogadores de seu elenco por testarem positivo nos exames mais recentes de covid-19. Desta forma, a Celeste não poderá contar com o lateral Matías Viña, com o goleiro Rodrigo Muñoz e com o atacante Luís Suárez.
A Seleção Brasileira, por outro lado, chega para o confronto após alguns desfalques da lista original do técnico Tite. Dos 23 convocados inicialmente pelo treinador, sete não estão com a Seleção Brasileira (Gabriel Menino, Militão, Rodrigo Caio, Casemiro, Fabinho, Philippe Coutinho e Neymar), além de Pedro, que foi chamado depois e teve de deixar o grupo.
Isso não significa, porém, que a Seleção não tenha ainda um grupo forte e disposto a buscar a vitória no Centenário. Para reencorpar a Seleçã Brasileira, Tite chamou: Diego Carlos, Felipe, Allan, Lucas Paquetá, Arthur, o próprio Pedro, Guilherme Arana e Thiago Galhardo.
Reforços do Brasileirão
Últimos a se apresentarem à Seleção, Guilherme Arana e Thiago Galhardo foram surpreendidos com o chamado de Tite na noite do último domingo. O lateral do Atlético-MG foi relacionado após os exames de Alex Telles terem resultado positivo para covid-19. O lateral já teve a doença, estava assintomático e com um quadro não transmissivo do vírus, mas não poderia viajar ao Uruguai. No último exame, porém, o teste de Telles voltou negativo e o defensor foi liberado para o jogo. Arana, no entanto, segue convocado. O lateral-esquerdo é um dos destaques da campanha do Galo, atual líder do Brasileirão.
Já o meia-atacante do Internacional, que é o artilheiro da Série A, teve que interromper uma viagem para vestir a Amarelinha. Após jogar contra o Santos, Thiago Galhardo estava no avião do Inter, em São Paulo, prestes a embarcar de volta para Porto Alegre. Foi aí que o piloto anunciou, no sistema de som, que ele precisaria descer da aeronave para substituir Pedro na Seleção Brasileira.
"O avião já estava pronto para sair e tiveram que abrir tudo. Anunciaram e todo mundo começou a bater palma, foi uma emoção muito grande. Não tem nem muito o que falar, comecei a chorar, pensar na minha família. Depois de sair dali, pegar a van, vir para cá, falar com familiares, amigos, foi uma loucura, porque é a realização de um sonho", comemorou Galhardo.
Últimos jogos no Centenário
O Brasil volta ao Centenário disposto a repetir os bons resultados conquistados nas últimas duas viagens ao estádio em Montevidéu. Em 2017, já sob o comando de Tite, a Seleção Brasileira goleou o Uruguai por 4 a 1, com direito a três gols de Paulinho. O placar foi quase uma repetição do encontro anterior entre as duas seleções no estádio. Em 2009, também pelas Eliminatórias, o Brasil venceu a Celeste por 4 a 0, com gols de Daniel Alves, Juan, Luís Fabiano e Kaká.
Antes do jogo, o lateral Renan Lodi destacou as características do time uruguaio e o ambiente mítico do Centenário.
"A gente sabe que é um jogo muito difícil, a equipe do Uruguai é muito aguerrida. Jogar no Centenário é uma pressão muito grande, mas a gente está bem preparado para fazer um grande jogo e tentar sair com os três pontos, que é o mais importante, para fechar com chave de ouro".
Quase 20 anos sem perder
Estas duas partidas integram a lista de uma invencibilidade grande da Seleção Brasileira contra o Uruguai. A última vez que o Brasil perdeu para a Celeste Olímpica foi em 2001, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. De lá para cá, foram 11 jogos, com oito vitórias brasileiras e três empates. No retrospecto geral, a Seleção Brasileira também leva vantagem. Ao todo, foram 76 embates entre Brasil e Uruguai, com 36 triunfos canarinhos, 20 empates e 20 derrotas. O Brasil marcou 136 gols, contra 97 dos uruguaios.
Antes de seu primeiro Brasil x Uruguai com a Seleção Principal, Douglas Luiz comentou o confronto. "É uma expectativa muito boa. É meu primeiro clássico com a camisa da Seleção no profissional. Pude enfrentar eles na Seleção de base, mas a verdade é que estou muito feliz por poder enfrentar grandes equipes. A gente vai lá, para fazer um grande trabalho e poder sair com os três pontos", avaliou.
Foto: Lucas Figueiredo / CBF