Dólar sobe quase 3%, reverte perdas do ano e fecha janeiro em alta

Autor: Redação Pop Mundi

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31/01/2015

O dólar fechou com a maior alta desde setembro de 2011, aproximando-se de R$ 2,70 e anulando completamente as perdas vistas em janeiro para encerrar o mês com avanço.

A alta foi uma reação a declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, indicando que não há intenção do governo de manter a moeda brasileira valorizada artificialmente. O dólar avançou 2,96%, a R$ 2,6894 na venda, após chegar a R$ 2,6919 na máxima da sessão (+3,06 por cento). Em janeiro, a divisa acumulou alta de 1,15%.

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1 bilhão. O movimento desta sessão também refletiu o crescimento decepcionante dos Estados Unidos no quarto trimestre e fluxos de saída de investidores estrangeiros, após a agência de classificação de risco Moodys rebaixar os ratings da Petrobras.

Levy sugeriu em palestra a empresários e investidores nesta manhã que ainda via o câmbio atual como sobrevalorizado. Mais tarde, a assessoria de imprensa do ministro procurou a imprensa para afirmar que ele estava falando sobre o câmbio no mundo.

"O governo está revertendo medidas de intervenção em vários campos. Se o Levy menciona o dólar, dá a entender que o governo também vai ser mais passivo em relação ao câmbio", disse mais cedo o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho.

O BC vem atuando diariamente no câmbio desde agosto de 2013 para limitar a volatilidade e oferecer proteção cambial. Na avaliação de alguns analistas, a intervenção gerou distorções na taxa de câmbio, com economistas do Bank of America Merrill Lynch estimando o "valor justo" do dólar em R$ 3,1 em relatório divulgado nesta manhã.

A autoridade monetária reduziu o ímpeto das intervenções duas vezes, a mais recente no fim do ano passado. Sob o atual formato, o programa durará pelo menos até 31 de março com ofertas de dois mil swaps cambiais, que equivalem à venda futura de dólares.

Segundo analistas, apesar das declarações de Levy, o dólar deve se assentar na próxima semana, uma vez que a perspectiva de liquidez abundante nos mercados globais e rigor fiscal no Brasil ainda pintam um quadro favorável ao real no curto prazo.

"Mas, agora, o mercado está com a pulga atrás da orelha. O assunto dos swaps voltou à pauta", disse o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.

Nesta manhã, o BC vendeu integralmente a ração diária, colocando o equivalente a US$ 99 milhões em swaps. Todos os contratos vendidos vencem em 1º de setembro. A autoridade monetária também ofertou contratos para 1º de dezembro, mas não vendeu nenhum.

Mas a autoridade monetária ainda não anunciou o início da rolagem de swaps que vencem em dois de março, que equivalem a US$ 10,438 bilhões de dólares. O BC vem fazendo rolagens praticamente integrais nos últimos quatro meses.

"Não bastassem as declarações do Levy e a questão da Petrobras, o humor azedou bastante lá fora depois que o crescimento dos Estados Unidos veio abaixo do esperado", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.

A economia norte-americana desacelerou com força no quarto trimestre de 2014, crescendo 2,6%, em ritmo anualizado, no período. Economistas consultados esperavam expansão de 3%.

O dólar avançou desde o início dos negócios, após a Moodys rebaixar todos os ratings da Petrobras na noite de quinta, dia 29, mantendo-os em revisão para rebaixamento adicional, o que pode afugentar investidores estrangeiros.

Bovespa

A Petrobras voltou a catalisar as perdas da bolsa paulista nesta sexta, contribuindo para que o Ibovespa ampliasse a queda acumulada em janeiro. A baixa do pregão não foi maior por conta da mineradora Vale e de ações de exportadoras, favorecidas pela alta da cotação do dólar ante o real.

O Ibovespa teve queda de 1,79%, a 46.907 pontos. No acumulado do mês, o índice perdeu 6,20% e, na semana, caiu 3,83%. O giro financeiro do pregão foi de R$ 8 bilhões.

As ações preferenciais da Petrobras recuaram 6,5%, encerrando o pregão no menor nível de fechamento desde setembro de 2004, a R$ 8,18. A ação ordinária da companhia fechou no patamar mais baixo desde maio de 2004, a R$ 8,04.

Desde a divulgação na quarta, dia 28, dos resultados do terceiro trimestre sem as esperadas baixas contábeis relativas ao escândalo de corrupção, os papéis preferenciais da estatal perderam 19,6%, ou quase R$ 2.

"Repercute a possibilidade da nota de crédito da empresa ser rebaixada à frente, e chegar a perder o chamado grau de investimento", disse a Guide Investimentos em relatório.

As notas da companhia permanecem em revisão para rebaixamento adicional pela Moodys.

Fonte: Canal Rural