A desaceleração do crescimento do varejo vem apresentando quedas consecutivas desde 2010, segundo o Indicador de Atividade do Varejo da Serasa Experian. O fato e demais variações da economia brasileira explicam a crescente queda na demanda por crédito entre os consumidores que ganham entre um e dez salários mínimos, de acordo com estudo. Na contramão dessa tendência, porém, estão os brasileiros que recebem até um salário mínimo mensalmente: em 2011, esses consumidores eram 11,9% do grupo de tomadores de crédito e, em 2014, representam 22,8%.
A mudança de perfil dos demandadores de crédito representa um risco real para quem empresta. Para se ter uma ideia do que essa mudança de perfil representa para o varejo, atualmente, 74% de quem busca financiamento de eletromóveis, 66% de quem compra vestuário no crédito e 57% de quem utiliza o crédito nas compras de material de construção ganha até dois salários mínimos.
Segundo os economistas, o novo cenário pode trazer a ameaça da inadimplência na carona, dependendo dos critérios de aprovação do crédito em cada uma das empresas, mas principalmente pelo risco do superendividamento.
O estudo comprova que justamente nos segmentos de eletromóveis e de construção a participação de consumidores de alto risco que procuraram por crédito vem aumentando. Em eletromóveis passou de 32,4%, em 2011, para 38%, em 2014, enquanto na construção subiu de 25,2%, em 2011, para 28,9%, em 2014.
São considerados de alto risco, aqueles que apresentam uma probabilidade superior a 20% de não cumprirem seus compromissos financeiros nos primeiros quatro meses após a concessão de crédito. Em termos territoriais, o estudo aponta que 50% dos consumidores da região Norte que procuraram por crédito no Varejo são de alto risco, 44% no Nordeste, 38% no Centro Oeste, 37% no Sudeste e 36% no Sul.
Avaliado apenas os créditos concedidos no primeiro trimestre de 2014, observou-se uma alta da taxa de inadimplência em relação ao mesmo período do ano passado: 8,7% contra 6,7%. Risco real A alta porcentagem de pessoas com dívidas ativas junto a mais de uma empresa é um mal que já pode ser combatido com o cadastro positivo. Com o novo parâmetro, os concessores visualizam qual porcentagem da renda daquele cliente já está comprometida com outros financiamentos e assim conseguem tomar a melhor decisão de crédito, tanto para minimizar o próprio risco como para proteger o cidadão de entrar no labirinto do superendividamento.