A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou, após reunião em Washington, uma declaração de respaldo à posição da Argentina no caso da reestruturação da sua dívida. Segundo o texto aprovado, "é essencial para a estabilidade e previsibilidade da arquitetura financeira internacional garantir que os acordos alcançados sejam respeitados".
O documento não foi apoiado pelo Canadá e Estados Unidos. No caso dos EUA, foi incluída uma nota em que o país afirma "não poder dar apoio" e que o tema continua nas mãos de seu sistema judicial. As delegações do Brasil e do Uruguai haviam preparado um projeto de declaração em favor da Argentina antes da reunião.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, afirmou na abertura do encontro que a ação dos chamados fundos abutres contra a Argentina representa "perigo" para o sistema financeiro internacional. Segundo ele, "não lhes importa se isso resulta em um aumento de pobreza para os países".
Insulza deu as declarações em reunião da OEA para discutir a crise da dívida argentina, em Washington. O encontro de ministros das Relações Exteriores dos estados-membro foi convocado a pedido dos argentinos. O chanceler e o ministro da Economia argentinos, Héctor Timerman e Axel Kiciloff, respectivamente, estavam presentes, bem como o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo.
Em sua fala, Timerman afirmou que a Argentina vai negociar, mas que não vai abandonar seu povo para favorecer os fundos abutres. Kiciloff disse que a decisão do juiz norte-americano Thomas Griesa sobre a questão criou um problema que não é exclusivo da Argentina, mas de todos os países. De acordo com o ministro, o problema "não é só financeiro, nem judicial, nem de jurisdição, mas do mundo inteiro e mostra uma falha de financiamento dos países".
No último dia 26 de junho, a Argentina depositou US$1 bilhão destinado ao pagamento de 93% dos credores que aceitaram a reestruturação da dívida com o país. Entretanto, Griesa ordenou a restituição da verba ao país, entendendo que os argentinos devem pagar a fundos especulativos, conhecidos como fundos abutres, que reclamam 100% do valor nominal dos títulos.
Mais cedo, o chefe da Casa Civil argentino, José Capitanich, disse esperar que a partir de 7 de julho, data estabelecida por Daniel Pollak, mediador escolhido pelo juiz Griesa, tenha inicio o diálogo "para determinar as condições de negociação" com os fundos abutres.
Fonte: Agência Brasil