Somente quatro de cada dez eleitores colombianos compareceram às urnas ontem (25) para as eleições presidenciais. Além da alta abstenção, nenhum dos candidatos conseguiu conquistar mais de 50% dos votos e, com isso, o futuro presidente do país será escolhido daqui a três semanas, em segundo turno. O opositor, Óscar Zuluaga, do Centro Democrático, teve 29,25% dos votos, três pontos à frente do presidente Juan Manuel Santos, candidato à reeleição pela coalizão Unidade Nacional, que obteve 25,68%.
Em segundo lugar, a candidata do Partido Conservador, Marta Ramírez, teve 15,52%, seguida por Clara López, do Polo Democrático Alternativo, que conquistou 15,23% dos votos. Por último, Enrique Peñalosa, da Aliança Verde, alcançou 8,28%. No começo da noite de ontem, após a divulgação do resultado pela Registradoria Civil - órgão estatal equivalente à Justiça Eleitoral - os candidatos derrotados se pronunciaram sobre o resultado.
Clara López anunciou que deverá se reunir hoje (26) com o Polo Democrático Alternativo e a União Patriótica (coalizão de esquerda) para decidir como se posicionará para o segundo turno. Há expectativa de que ela apoie Juan Manuel Santos, em nome da continuidade do processo de paz.
Do mesmo modo, o candidato Enrique Peñalosa disse que decidirá em conjunto com os aliados "sobre uma possível aliança para o segundo turno". Até a noite desse domingo, a conservadora Marta Ramírez ainda não havia se pronunciado sobre quem deverá apoiar.
Após a divulgação do resultado, Santos e Zuluaga pediram publicamente apoio aos demais candidatos, com quem têm mais afinidades. Zuluaga parabenizou Marta Ramírez pelo terceiro lugar conquistado nas eleições e a convidou a apoiá-lo.
O opositor criticou o processo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo Santos. "Não podemos deixar que as Farc comandem o país de Havana . O presidente da República não pode ser manipulado pelo maior grupo narcotraficante no mundo", acusou, em discurso após a divulgação do resultado da eleição.
Santos manteve o tom conciliador e disse que o que está em jogo agora é decidir entre a paz e a guerra. "Vamos mostrar que somos maioria e que estamos decididos a terminar o conflito armado que já dura meio século. Vamos lutar por um país sem dor, sem sangue e sem guerra", destacou.
Apesar das diferenças ideológicas, Santos convidou Peñalosa e Clara López a se juntarem ao seu projeto."Queremos conversar com Clara López e Peñalosa para trazer pontos importantes de seus programas para nossa campanha", acrescentou.
As eleições desse domingo foram consideradas as mais tranquilas da história do país, e segundo o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, nenhum incidente violento foi registrado durante o processo de votação. Foi a primeira vez que as Farc e o Exército da Libertação Nacional decidiram por um cessar-fogo conjunto em período eleitoral.
A Agência Brasil visitou sessões eleitorais em Bogotá. A maioria dos locais de votação foi montada na rua, mas com forte esquema de segurança. Na capital, a maior parte delas estava vazia, com pouco movimento.
Victoriano Piñcue, indígena da etnia Nasa, uma das maiores da Colômbia, votou acompanhado de seu filho, um bebê de colo. Ele disse à Agência Brasil que estava muito feliz por participar das eleições "mais pacíficas" da história do país. "Desde que nasci, esta foi a única eleição em que meu povo teve liberdade e segurança para votar em paz", contou.
Fonte: Agência Minas