A explosão ocorrida na terça-feira (13) em uma mina da Turquia, que fez pelo menos 282 mortos desencadeou greves e manifestações contra o governo que estão sendo reprimidas quinta-feira (15) pelas forças policiais.
A polícia antimotim disparou nesta quinta-feira granadas de gás lacrimogêneo em Izmir, no Sudoeste da Turquia, para dispersar uma manifestação com cerca de 20 mil pessoas. O protesto era contra a "negligência governamental" na mais grave catástrofe industrial da Turquia.
Na capital do país, Ancara, a polícia disparou granadas de gás lacrimogêneo e usou canhões de água para dispersar 200 pessoas que protestavam na Praça Kizilay, no centro da cidade. Um cartaz segurado por um sindicalista que pedia a demissão do governo dizia: "Isso não foi nem um acidente nem fruto do destino. Isso foi um massacre".
Uma série de manifestações de solidariedade com os mineiros e contra o governo foram registradas em várias cidades do país. Quatro sindicatos decretaram greve em toda Turquia em homenagem aos mortos na mina de carvão de Soma, situada a cerca de 100 quilômetros no norte de Izmir.
Os manifestantes acusam o governo de ter ignorado os constantes apelos e avisos sobe a insegurança nas minas turcas, o que provocou as manifestações e os protestos que acontecem desde terça-feira (13). Nesta última madrugada, as equipes de socorro retiraram da mina mais nove cadáveres.
Fotografias e imagens televisivas divulgadas hoje, mostram um dos conselheiros do primeiro-ministro turco, que visitou Soma na quarta-feira (14), dar pontapé em um manifestante que estava no chão depois de ter sido derrubado pela polícia.
O presidente turco, Abdullah Gul, está no local da tragédia, rodeado por fortes medidas de segurança. Os parentes das vítimas estão retirando os corpos dos mineiros que se encontram depositados desde terça-feira numa morgue (necrotério) improvisada a poucos quilômetros de Soma.
De acordo com a imprensa turca, há três semanas o parlamento recusou-se a constituir uma comissão de avaliação da situação das minas na Turquia. A proposta foi feita pelos três partidos da oposição, mas acabou recusada pelo partido do governo, que tem maioria na Casa.
O ministro do Trabalho afirmou que a mina de Soma foi alvo de uma inspeção em março, quando não foi detectada qualquer irregularidade. A procuradoria turca instaurou um inquérito judicial sobre o incidente.
Os desastres nas minas são frequentes na Turquia, em particular, nas explorações do setor privado, onde as regras de segurança não são respeitadas.
Fonte: Agência Brasil