Cafeicultores de Minas Gerais querem auxílio do governo federal para pagar dívidas. Prorrogação de prazos e descontos nos valores devidos são as reivindicações do setor.
- A minha dívida é R$ 180 mil hoje, devo no banco, já parcelado. A gente está em busca de soluções, mas está difícil - conta o presidente conselho deliberativo Câmara do Café das Matas de Minas, Geraldo Perigolo.
O diretor tesoureiro Câmara do Café das Matas de Minas, Maurício de Oliveira, também reclama do mesmo problema.
- A minha dívida com custeio está em torno de R$ 130 mil e, de fato, infelizmente, eu não tenho como pagar. Como muitos cafeicultores não vão ter como pagar - diz Oliveira.
As dívidas milionárias tiram o sossego dos cafeicultores mineiros. Por isso, as lideranças do setor querem a renegociação dos empréstimos bancários.
- Nós estamos neste momento solicitando do governo federal, das autoridades competentes, a renegociação de todas as dívidas dos nossos cafeicultores. Nós estamos pedindo três anos de carência, com 15 anos de parcelamento e descontos de 45% para renegociar e de 70% para quem puder quitar até setembro de 2015 - diz o presidente da Câmara, Admar Rodrigues Soares.
A região chega a produzir cinco milhões de sacas de 60 quilos de café por safra. Mas neste ano, todos afirmam que a produção vai ser muito menor. A colheita está só no começo e eles ainda não sabem o tamanho exato das perdas.
A baixa remuneração na safra passada deixou o produtor descapitalizado. Os pés receberam menos adubação e defensivos. A seca do início do ano também prejudicou a formação dos frutos. Com a perspectiva de menor oferta, o preço da saca aumentou, mas é quase o mesmo valor que eles contabilizam de custos de produção, em torno de R$ 300.
- A nossa cafeicultura de montanha é praticamente artesanal, e estamos concorrendo com uma cafeicultura de baixada, onde são as máquinas que colhem o café com um custo muito menor - avalia o diretor da Câmara, Antonio Simiqueli.
Nos 27 municípios das Matas de Minas há mais de 145 mil hectares de plantações de café e mais de duzentos mil trabalhadores fazem o cultivo e a colheita manual dos 350 milhões de pés.
- O pão de cada dia das nossas famílias, o poder de renda das nossas famílias, todo o setor econômico das nossas famílias de toda a região depende diretamente do café - aponta Admar.
Fonte: Canal Rural