A indústria brasileira de café acompanha a alta das cotações internacionais do grão e preço do produto nas prateleiras dos supermercados tem sido reajustado, mas não há risco de desabastecimento, retração do consumo ou mesmo disparada dos índices de inflação, segundo avaliação do diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz.
Expectativa de crescimento do consumo interno é de 2% a 4% este ano - Foto: DivulgaçãoAs torrefadoras de Minas Gerais, maior Estado produtor de café, já promoveram gradual reajuste de preços. O mesmo se verifica nesta semana em São Paulo, principal centro consumidor da bebida. "Em média, o preço do café deve subir de 10% a 15%, distribuído em duas ou mais vezes, até que se estabeleça um novo nível de preço" explicou Nathan.
Ele ressaltou que os preços do café, desde a adoção do Plano Real, em 1994, acumulam reajuste de quase 67%. No mesmo período, o valor da cesta básica já subiu aproximadamente 350%. Ou seja, os preços do grão estão defasados, o que acaba prejudicando o desempenho financeiro das indústrias torrefadoras.
Mesmo com reajuste, disse Nathan, a expectativa é de crescimento do consumo interno, da ordem de 2% a 4% este ano. Ele considera também que não há risco para a inflação, já que o café tem peso relativamente baixo nos indicadores de preços.
Pelos cálculos dos produtores de café, não haverá problema de abastecimento com o produto, considerando o estoque em cooperativas e do governo, além da colheita que se inicia em breve. No entanto, a safra 2014 será menor do que as projeções iniciais, segundo Nathan, por causa da estiagem no início deste ano.
Desde o início do ano, a cotação do contrato futuro de café arábica, na Bolsa de Nova York, acumula valorização de cerca de 80%, principalmente por causa da quebra na produção brasileira, a maior do mundo. Uma "explosão" dos preços do café, como a verificada atualmente, é o que causa preocupação à cadeia produtiva.
Cotações muito altas estimulam o plantio, provocando um novo ciclo de queda dos preços. "O problema é a volatilidade. O industrial fica sem saber se usa seus estoques ou compra da "mão-para-boca", ou ainda se muda seu blend. O grau de incerteza é muito elevado", concluiu Nathan.
Fonte: Agência Estado