Doação de medula óssea: gesto solidário pode salvar vidas

Autor: Redação Pop Mundi

Fonte:

01/02/2014

Para o doador, apenas um incômodo passageiro. Para o doente, a diferença entre a vida e a morte. É assim que o Instituto Nacional do Câncer (Inca) resume o que representa a doação de medula óssea, um gesto de solidariedade que pode significar a chance de recuperação de muitas pessoas que enfrentam problemas de saúde, como doenças do sangue (leucemia e linfomas) e doenças autoimunes. Primeiramente, é importante diferenciar medula óssea (tecido líquido-gelatinoso presente na parte interna dos ossos) e medula espinhal (que transmite impulsos nervosos para todo o corpo, por meio do cérebro). A medula óssea é responsável pela produção de componentes, como as hemácias (células vermelhas), que transportam o oxigênio na corrente sanguínea, e os leucócitos (células brancas), que atuam na defesa do organismo. Há, também, a fabricação das plaquetas, que têm função importante na coagulação do sangue. No Brasil, segundo informações da Associação Brasileira de Linforma e Leucemia (Abrale), todos os anos, cerca de 2,5 mil pessoas são indicadas para a realização do transplante de medula óssea.  Em média, a probabilidade de se achar um doador que tenha compatibilidade com o receptor pode chegar a uma em 100 mil. Justamente por isso, a doação e o cadastro na lista nacional se fazem necessários, para aumentar as possibilidades de quem precisa do transplante. Cadastro Em Minas, a Fundação Hemominas é a responsável pelo cadastramento de candidatos a doadores de medula óssea, além de orientar, coletar amostras e encaminhá-las aos laboratórios de alta especificidade técnica vinculados ao Ministério da Saúde. Até dezembro de 2013, foram cadastrados 370.800 candidatos. Para participar do cadastro, explica a gerente de Captação e Cadastro de Doadores da Hemominas, Heloísa Gontijo, a pessoa tem que ter entre 18 e 54 anos, apresentar boa saúde e não ter doenças infecciosas e hematológicas.  Os interessados devem comparecer a uma das unidades de atendimento (confira a lista por municípios e também a relação de horários de atendimento e telefones de contato) e apresentar, além de um documento de identidade oficial com foto, um formulário de identificação devidamente preenchido e um termo de consentimento assinado pelo candidato. Na primeira fase do cadastramento, no hemocentro, é colhida uma pequena amostra de sangue (5ml), que será utilizada para a realização do exame Antígenos Leucocitários Humanos (HLA). "Nesta etapa, são traçadas as características genéticas do doador", observa Heloísa. Os dados são direcionados para o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Após cruzamento de informações no sistema, se for detectada margem de compatibilidade, passa-se para uma nova etapa, chamada de alta resolução, na qual o candidato comparece mais uma vez ao hemocentro para análises mais específicas. "É colhida, então, uma nova amostra e são feitos exames mais criteriosos, para uma tipificação confirmatória, a fim de checar se realmente há a compatibilidade", reforça. Assim que a pessoa deixa de ser candidata e passa a fazer parte efetivamente do Registro, a continuidade do processo já ocorre sob inteira responsabilidade do Inca. Isso quer dizer que os hemocentros não têm participação ativa na convocação e nem no ato da doação, além de não receberem ou terem acesso aos dados dos exames e informações do próprio Redome. Tudo é feito pela equipe do Ministério da Saúde e, uma vez no cadastro, o doador poderá ser chamado a qualquer tempo. Por isso, é fundamental  que os doadores cadastrados mantenham seus dados atualizados no Registro. Doar esperança A chance de encontrar doadores compatíveis entre pessoas não aparentadas pode chegar a uma para cada 100 mil cadastrados. Outra dificuldade é a baixa probabilidade mesmo entre irmãos, filhos de mesmo pai e mesma mãe, que costuma ficar entre 25 e 30%. Contrariando quaisquer improbabilidades, a mineira Liamar Moreira Lima, natural de Raul Soares, na região da Zona da Mata, vive a expectativa de ser doadora pela segunda vez. "Fiz a primeira doação para a minha irmã, em 1998", conta. Cadastrada no Redome, Liamar recebeu, recentemente, a informação de que é uma potencial doadora para um receptor de fora do país. "Estou aguardando o andamento e posso ser convocada a qualquer momento", explica, ansiosa. Mesmo em casos de compatibilidade em países diferentes, como ocorreu com Liamar, não é necessário que o doador vá até o local onde se encontra o receptor. Em todos os casos, seja para dentro ou fora do Brasil, a doação sempre será realizada no centro de transplante mais próximo. A medula doada é encaminhada, congelada, ao local onde o paciente estiver, sob responsabilidade do Ministério da Saúde. Por questão de sigilo, não há nenhuma relação estabelecida entre doador e receptor. Procedimento Atualmente, como informa o Inca, a doação é realizada em um centro cirúrgico, sob anestesia geral ou peridural. A pessoa é internada com pelo menos 24 horas de antecedência e o líquido do interior dos ossos da bacia é retirado por meio de punções. Há um outro método, utilizado apenas em alguns casos e por recomendação médica, parecido com uma doação de sangue. Antes do procedimento, o doador recebe um remédio que estimula a medula a liberar na circulação as células necessárias para o transplante. Uma máquina específica (aférese) é utilizada para separar o conteúdo da corrente sanguínea. É importante que o doador saiba que apenas 10% da medula óssea são retirados e, em poucas semanas, o próprio corpo se encarrega de repor o que foi doado. "A pessoa não precisa ter medo. Precisa ter fé e força de vontade, ir tranquila, sabendo que vai salvar uma vida. É a coisa mais gostosa essa sensação", incentiva Liamar. No caso do receptor, para que receba o material doado, é feita antes uma quimioterapia, que destrói a medula anterior. O transplante ocorre por transfusão e, após duas semanas, novas células já começam a ser produzidas pelo organismo. Veja também:

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