Acampados desde quarta-feira (15) em frente ao Palácio do Planalto, os estudantes da Universidade Gama Filho foram retirados à força do local. As barracas, os colchões e os pertences dos estudantes foram todos apreendidos. A operação começou por volta das 19h30 e foi até quase às 21h. Os 13 estudantes que estavam no local resisitam e foram arrastados para um ônibus da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Eles foram encaminhados à Delegacia do Senado Federal.
Estudantes foram retirados com violência do local / Foto: ReproduçãoA ordem da retirada veio do Senado Federal. A Polícia da Casa atuou em conjunto com a Polícia Militar. No local, estavam seis carros da PM e três da Polícia do Senado. Durante a operação, mais dois carros da Polícia Militar chegaram. Os estudantes resistiram, se recusaram a deixar o gramado e foram carregados. Alguns choravam. A polícia usou spray de pimenta e atingiu uma das estudantes.
Os estudantes vieram do Rio de Janeiro para protestar contra o descredenciamento da Universidade Gama Filho e pedir a federalização da instituição. Eles ocuparam o gramado atrás do Senado Federal e em frente ao Palácio do Planalto para pedir uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff. No dia 9, os estudantes protocolaram no Planalto o pedido de audiência, mas ainda não receberam resposta. "Se não fizermos pressão, não vão nos atender", diz a diretora de relações externas do Diretório Central dos Estudantes da instituição, Ana Flávia Hissa.
Segundo a policial legislativa, Aline Sayuri, os estudantes descumpriram o Ato Conjunto dos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados nº1, que diz que é vedada a colocação de "tendas ou similares" na área. O major da PM Cláudio Santos diz que, desde a ocupação, a polícia negocia a saída dos estudantes. "Imagina se todo brasileiro trouxer para cá tudo que quiser, como vai ficar a Esplanada dos Ministérios?", questiona. Segundo ele, os estudantes poderiam permanecer no local, desde que não acampassem.
"Negociamos várias vezes com a polícia. Eles nos disseram que poderíamos armar barracas por questões humanitárias, à noite ou em caso de chuva. Foi o que fizemos. Estamos apenas pedindo o nosso direito de estudar", diz o diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), Igor Mayworm.
Está agendada para esta terça-feira (21) uma reunião dos integrantes da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do Ministério da Educação (MEC) para discutir a política de transferência assistida dos estudantes das instituições mantidas pelo Grupo Galileo: a Universidade Gama Filho e o Centro Universitário da Cidade (UniverCidade). São cerca de 12 mil estudantes, dos quais mais de 2 mil são estudantes de medicina.
A reunião ocorre por volta das 14h. Participarão representantes do MEC e das instituições integrantes do sistema federal de ensino, incluídas as instituições particulares devidamente credenciadas no ministério. A previsão é que o edital com as normas para a transferência assistida decorrente do descredenciamento das duas instituições seja publicado no Diário Oficial da União na quinta-feira (23).
Com gritos de ordem, os estudantes deixam claro porque estão em Brasília: "Sou estudante, eu sou, eu quero estudar e a Galileo não quer deixar". Eles estão sem aula desde novembro, mesmo pagando regularmente as mensalidades.