As mulheres são as que mais procuram o microcrédito para investir em pequenos negócios. No Banco do Nordeste, 65% dos clientes do segmento são mulheres. A presença feminina (57%) também supera a masculina no Banco do Brasil. No Santander, o percentual de participação feminina é 69%.
Para o superintendente de Microcrédito do Santander, Jerônimo Ramos, as mulheres sabem gerenciar melhor os pequenos negócios do que os homens. "As mulheres têm um comportamento melhor que os homens na hora de pagar", diz.
O diretor de Desenvolvimento Sustentável e Microfinança do Banco do Nordeste, Stélio Gama Lyra, destaca que as mulheres têm mais dificuldades de conseguir emprego. "Elas precisam de horário flexível e assim podem cuidar da família. São sacoleiras, cabeleireiras, vendedoras de cosméticos", conta.
Esse é o caso da revendedora de cosméticos Jualice Pereira Lobato, 44 anos. Ela tem três filhos é há nove anos vende os produtos. "Eu precisava de uma atividade em que tivesse tempo para ficar em casa. Nunca pude trabalhar fora porque não podia deixar meus filhos com qualquer pessoa, e pagar uma babá sai caro", destaca.
Jualice conta que conheceu o microcrédito em uma reunião de revendedoras, quando um representante de um banco apresentou o produto. Para ter acesso ao crédito, foi necessária a criação de um grupo solidário, formado por pessoas de confiança para pegar o empréstimo e assumir o pagamento. No início, eram três vendedoras, e agora são sete. No primeiro empréstimo, cada uma pegou R$ 800 e o último ficou em R$ 6 mil, para cada uma. "A gente paga um boleto só dos empréstimos das sete vendedoras", explica Jualice.
Segundo ela, o crédito ajuda, principalmente, a aumentar as compras dos fornecedores para as vendas de final de ano. "Sempre no final do ano, a gente quer comprar um pouco mais. Só que o dinheiro que a gente ganha nem sempre dá. Com o crédito, paguei pelos produtos, com desconto, por ser à vista, e pude vender parcelado para as minhas clientes. Minhas vendas aumentaram em cerca de 25%."
A revendedora relata ainda, que anteriormente, quando as clientes não pagavam em dia, ela não tinha dinheiro para quitar o boleto dos fornecedores. "Aí eu pagava os juros do boleto. E são juros altos."
Segundo Ramos, há uma relação de confiança no grupo solidário e isso reduz a inadimplência. Para o banco, o grupo solidário é forma de garantia do empréstimo, já que os microempreendedores nem sempre têm como comprovar renda como ocorrem em operações normais de crédito.
De acordo com Jerônimo Ramos, 95% dos clientes de microcrédito do banco pagam os empréstimos em dia. No Satander, o valor médio do empréstimo é R$ 2,3 mil e o pagamento leva o tempo médio de oito meses. A maior parte do dinheiro vai para o comércio de roupas, 25%, seguido por pequenos mercados de bairro (21%) e indústria da beleza (16%), como a revenda de cosméticos, salões, entre outros.
No Banco do Nordeste, o valor médio dos empréstimos é R$ 1,222 mil. O prazo médio para pagamento do empréstimo é 19 meses, no caso de investimentos, como compra de máquinas e reformas, e oito meses, quando o dinheiro é aplicado no capital de giro (usado no dia a dia do negócio, como compra de produtos).
Fonte: Agência Brasil
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