O governo tem mais um argumento para explicar parte da alta da inflação durante o mandato da presidente Dilma Rousseff: a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Pelos cálculos do Banco Central (BC), esses dois eventos vão adicionar cerca de dois pontos porcentuais ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre 2007 e 2017. O período considera que o efeito sobre os preços começa no ano do anúncio de que o Brasil seria a sede da Copa, sendo desinflacionário até 2010, e puxando a inflação para cima a partir de 2011.
Os cálculos do BC são baseados em estudos internacionais que utilizam dados sobre 179 países entre 1948 a 2012. Nesse período, foram realizadas 16 Copas do Mundo de Futebol, começando pela Copa de 1950 no Brasil, e 31 Jogos Olímpicos (considerando também jogos de inverno). Quando se considera um evento isolado, a inflação diminui no ano do anúncio do país sede. Em seguida, começa a subir. O impacto máximo se dá no ano seguinte à realização do megaevento e desaparece totalmente seis anos depois. "Os megaeventos esportivos são ligeiramente inflacionários", afirma o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo.
No caso brasileiro, haverá sobreposição de dois eventos. Por isso, o benefício para redução da inflação vai de 2007 até o fim de 2010. A partir de 2011, início do atual governo, a pressão é de alta nos preços, chegando ao ponto máximo por volta de 2017 e desacelerando até 2021. Nos dois anos seguintes, o efeito volta a ser deflacionário. Embora o impacto sobre a inflação vá até 2023, o BC só divulgou o porcentual acumulado até 2017.
A presidente Dilma Rousseff vai fechar o seu governo com inflação apenas ligeiramente mais baixa do que a deixada pelo ex-presidente Lula. Apesar da promessa de reduzir a inflação, o governo da presidente não conseguirá fazer a convergência dos preços para o centro da meta de inflação de 4,5%.
Para piorar, o próximo presidente já terá que enfrentar uma alta da inflação, já que o BC projeta uma inflação de 5,6% do IPCA acumulado em 12 meses do final de 2014 e de 5,7% nos primeiros três meses do governo do próximo presidente.
No início do governo, a presidente Dilma se comprometeu publicamente com a convergência da inflação para o centro da meta. O presidente do Banco Central chegou a afirmar que a convergência se daria no segundo semestre deste ano.
Fonte: O Estado de São Paulo