Um dia depois de o prefeito da capital colombiana, Gustavo Petro, ter sido destituído do cargo pela Procuradoria-Geral da Nação do país, a Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou hoje (10) audiência com o procurador-geral, Alejandro Ordóñez, que emitiu a decisão. Desde ontem à tarde, centenas de pessoas se manifestam em favor de Petro, nos arredores da Praça de Bolívar, em frente à prefeitura de Bogotá, e também em frente à Procuradoria-Geral.
Foto: ReproduçãoPetro foi destituído e condenado a 15 anos de inelegibilidade devido a irregularidades apontadas pelo Ministério Público colombiano no processo que estatizou a maior parte do sistema de coleta de lixo na cidade. O delegado da ONU na Colômbia, Todd Howland, disse ter interesse de se reunir com o procurador Alejandro Ordóñez para falar do tema.
"Já pedimos uma reunião com ele , porque é importante lhe explicar que existe jurisprudência internacional para ser acionada em razão dos direitos humanos e da vontade popular daqueles que elegeram o prefeito", explicou, durante uma conversa com jornalistas.
Representantes da sociedade civil solicitaram cópia da decisão judicial sobre a destituição, mas não houve resposta por parte da Procuradoria-Geral. Por isso, Howland defendeu que o repasse das informações é um direito da população que votou em Petro.
"Temos que falar com o procurador sobre os direitos dos cidadãos de Bogotá que votaram por Petro. É importante que a procuradoria entenda que há jurisprudência do Comitê de Direitos Políticos e Civis e da Corte Interamericana de Direitos Humanos", frisou. E completou: "Qualquer intervenção de um funcionário que não esteja eleito tem que ser equilibrada".
A delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em Havana, que faz parte da mesa de negociação pelo fim do conflito armado, também se pronunciou hoje sobre a destituição. Em um comunicado, a guerrilha disse que "a decisão afeta a credibilidade e a confiança do processo de paz".
Gustavo Petro vai recorrer da sentença. Ontem à noite, ele falou que sofreu uma espécie de "golpe de Estado" e que o que está ocorrendo no país é um atentado à democracia.
A destituição de Petro divide a opinião da população. Seus partidários e simpatizantes dos movimentos de esquerda reclamam que houve arbitrariedade na decisão. "Isso ocorreu porque Petro tirou dinheiro dos donos das empresas de lixo", disse à Agência Brasil, o aposentado Juan José Ortega.
Por outro lado, a estudante de medicina Lucia Herrera Martins disse que a cidade estava "descuidada" com Petro e que ele "piorou o trânsito", ao fazer mudanças no sistema de rodízio de veículos. "Petro só sabia brigar. Ele foi eleito, mas não deu conta de governar direito. Fez uma confusão com o sistema do lixo", opinou.
Bogotá teve problemas em novembro e dezembro do ano passado, no intervalo de mudança entre a prestação do serviço por empresas privadas e o funcionamento da estatal criada pelo prefeito. Na época, centenas de moradores reclamaram do lixo acumulado nas ruas da cidade.
Fonte: Agência Brasil
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