Mais de 130 pessoas morreram nos confrontos entre milícias e forças de segurança registrados nessa quinta-feira (05) em Bangui, capital da República Centro-Africana. As informações foram divulgadas hoje (06) pela Cruz Vermelha. "Registramos mais de 130 mortos até a noite passada, mas não visitamos todas as zonas de combate. Neste momento, não podemos fechar a lista" de mortos, disseram fontes da organização.
O número supera o divulgado nessa quinta-feira pela organização Médicos Sem Fronteiras, cujo balanço apontava para pelo menos 50 mortos e cerca de 100 feridos, enquanto as autoridades estimaram o número de mortos em mais de uma centena.
A capital da República Centro-Africana amanheceu hoje com alguns incidentes violentos em distritos localizados ao sul, tendo sido registrados confrontos durante a noite em outros lugares da cidade. No norte, oeste e sul de Bangui, testemunhas asseguraram que membros do grupo rebelde Séléka - cujo líder, Michel Djotodia, exerce como presidente a transição da República Centro-Africana - têm cometido abusos nessas áreas.
O Ministério de Segurança Pública anunciou, entretanto, o fechamento das fronteiras com a República Democrática do Congo, a partir desta sexta-feira. A situação continua complicada na capital, apesar de o presidente francês, François Hollande, ter anunciado o início "imediato" da ação militar, depois de aprovada resolução pelo Conselho de Segurança da ONU que autoriza Paris a utilizar a força na República Centro-Africana.
O chefe de Estado informou que a França já conta com 650 militares na região, contingente que espera duplicar "nos próximos dias, para não dizer nas próximas horas", com um único fim: "salvar vidas". As declarações de Hollande foram feitas horas depois de o Conselho de Segurança da ONU ter autorizado a intervenção de forças francesas na República Centro-Africana, em apoio a uma força pan-africana, para restaurar a segurança na antiga colônia francesa. A resolução, aprovada por unanimidade, autoriza os soldados franceses a "tomar todas as medidas necessárias para apoiar a Misca (força africana na República Centro-Africana) no cumprimento do seu mandato".
A Misca poderá agir "por um período de 12 meses" e tem por missão "proteger os civis, restabelecer a ordem e a segurança, estabilizar o país" e facilitar a distribuição de ajuda humanitária na República Centro-Africana.
O país, de 4,5 milhões de habitantes, vive situação de caos desde o golpe de Estado de março, dado pela coligação rebelde Séléka, com origem na minoria muçulmana, que afastou o presidente François Bozizé.
A resolução prevê a eventual transformação da Misca em uma força de paz da ONU, a qual terá de ser aprovada pelo Conselho de Segurança, devendo o secretário-geral das Nações Unidas preparar um relatório sobre a questão nos próximos três meses.
O documento aprovado prevê ainda a criação de uma comissão de inquérito sobre os direitos humanos e o embargo de um ano às armas para o país.
Fonte: Agência Brasil