A mesa de negociação pelo fim do conflito armado entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo colombiano completou terça-feira (19) um ano de diálogos. O negociador-chefe do governo, Humberto de la Calle, apresentou um balanço do processo e defendeu ser este o "momento de redobrar o trabalho para conquistar a paz" e terminar quase meio século de conflito interno.
"Chegou a hora de fazermos todos os esforços pela paz", disse, ao manifestar-se sobre a data, em Bogotá. Até o momento, o processo conseguiu fechar um acordo parcial sobre o tema agrário e a participação política das Farc, após a eventual conclusão das negociações.
Mas, para que o processo seja finalizado, a mesa ainda deve avaliar quatro temas: solução para o problema das drogas ilícitas; desarmamento e desmobilização da guerrilha; reparação de vítimas do conflito e ainda garantias para o cumprimento dos acordos firmados após o término dos diálogos.
O processo é observado por Cuba, país anfitrião da mesa, pelo Chile, a Noruega e a Venezuela. As negociações ocorrem sem uma trégua, já que as operações militares continuam. Os diálogos não são abertos ao público e, até o momento, informes e declarações só são anunciados a cada vez que a discussão de um tema é concluída.
A mesa está reunida atualmente pela 16ª vez e promove ciclos de conversações que duram de dez a 15 dias. A participação popular ocorre de maneira indireta, com a realização de fóruns de cidadania, apoiados pelas Nações Unidas, pelo Congresso do país e também por universidades. Os debates ocorrem em diversas regiões da Colômbia, e o site do processo também disponibiliza um espaço para o envio de mensagens e sugestões.
De acordo com Humberto de la Calle, a mesa já recebeu mais de 17 mil mensagens via internet e também formulários físicos que estão disponíveis à população nas prefeituras municipais.
O conflito armado colombiano é considerado um dos mais antigos do mundo. Em 49 anos de existência, o governo estima que foram causados mais de 300 mil assassinatos devido aos confrontos, massacres e atentados.
O país também é o que tem a maior quantidade de deslocados internos do mundo, com cerca de 4 milhões de colombianos. A guerra compromete 3% do Produto Interno Bruto (PIB) colombiano, segundo analistas independentes no país.
Fonte: Agência Brasil