O futebol brasileiro pode passar por mudanças significativas nos próximos anos. O Conselho Técnico da CBF, realizado nesta terça-feira, 12, serviu como ponto de partida para dois debates que prometem agitar os bastidores do esporte: a revisão da regra de rebaixamento no Campeonato Brasileiro e a limitação do número de estrangeiros por partida.

Reformulação no rebaixamento

Uma das propostas discutidas visa alterar o número de clubes rebaixados na Série A do Brasileirão. Desde 2006, o campeonato adota o sistema de pontos corridos com 20 equipes, das quais quatro caem para a Série B ao fim da temporada. Entretanto, cresce o movimento para reduzir esse número para três, o que também impactaria todas as demais divisões do futebol nacional.

A justificativa mais recorrente para a mudança é a alta taxa de rebaixamento, que atinge 20% dos participantes. O presidente do Santos, Marcelo Teixeira, reforçou essa tese ao citar o exemplo de clubes que disputavam a Libertadores e, ao mesmo tempo, brigavam contra a queda, como Fluminense e Atlético-MG. Segundo ele, a questão estaria mais ligada a um calendário desgastante do que a problemas de gestão administrativa.

Se aprovada, a nova regra não afetaria a edição de 2026, mas entraria em vigor a partir de 2027. Na sexta-feira (15), os clubes da Série B também se reunirão na CBF para discutir o tema e eleger seus representantes no Conselho Nacional de Clubes (CNC), órgão que deve conduzir o debate nos próximos meses.

Limite de estrangeiros em campo pode ser reduzido

Outro ponto polêmico discutido no encontro foi a possibilidade de diminuir o número de estrangeiros permitidos por partida. Atualmente, os clubes podem relacionar até nove jogadores de outras nacionalidades para os jogos do Brasileirão, número que aumentou progressivamente nos últimos anos.

A proposta apresentada sugere reduzir esse limite para seis, medida que já conta com o apoio de Dorival Júnior, técnico da Seleção Brasileira. Ele defende que a alteração beneficiaria o desenvolvimento de jovens talentos formados nos clubes do país. A mudança, caso aprovada, respeitaria os contratos vigentes e poderia ser implementada de forma gradativa para facilitar o planejamento das equipes.

Atualmente, a Série A conta com mais de 130 atletas estrangeiros. Importante ressaltar que não há limite para o número de jogadores estrangeiros em cada elenco, apenas para a quantidade relacionada para as partidas.

Próximos passos

As possíveis mudanças ainda serão amplamente debatidas. O Conselho Nacional de Clubes, agora com mais autonomia dentro da CBF, terá papel fundamental na análise dos prós e contras dessas medidas ao longo de 2025. O CNC se reunirá mensalmente na sede da entidade e conta com representantes de Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Internacional, São Paulo e Vasco, além do Palmeiras como convidado especial. O presidente do conselho é Marcelo Paz, do Fortaleza.

Se aprovadas, as mudanças só devem entrar em vigor a partir de 2027, assim como a possível proibição do uso de gramados sintéticos, outro tema em pauta no futebol brasileiro.