Médica condenada por desviar quase R$ 1 milhão de formatura consegue registro no CFM

Autor: Salomão Rodrigues

Fonte:

03/02/2025

A ex-estudante de medicina da USP, Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, condenada por desviar quase R$ 1 milhão da comissão de formatura, conseguiu o registro profissional no Conselho Federal de Medicina (CFM).

Segundo os dados oficiais do CRM, Alicia Dudy está registrada no conselho desde o dia 26 de dezembro de 2024. Não há, até o momento, qualquer registro de especialidade médica ou área de atuação vinculada ao seu nome.

Relembre o caso
Alicia Dudy Muller era presidente da comissão de formatura de sua turma de medicina da USP quando, no final de 2021, solicitou a transferência de valores para sua conta pessoal sem o conhecimento dos demais membros da comissão e dos estudantes.

Posteriormente, ela justificou aos colegas que precisou sacar o dinheiro porque a empresa contratada não estaria cumprindo com as obrigações e prestava um serviço ruim. Por isso, teria decidido investir o montante em uma corretora de valores.

No entanto, segundo Alicia, essa suposta corretora teria aplicado um golpe. Ela foi denunciada, e a polícia abriu uma investigação, apreendendo celulares, anotações e até mesmo um carro alugado em seu nome.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) a denunciou oito vezes por estelionato e uma vez por estelionato tentado, com base em cada uma das transferências bancárias realizadas para sua conta, totalizando R$ 927.765,33.

Durante as investigações, foi revelado que Alicia fez apostas na Lotofácil que somaram R$ 461 mil. Além disso, ela tentou aplicar um golpe em uma lotérica, que chegou a registrar um boletim de ocorrência contra ela.

Em julho de 2024, a Justiça de São Paulo a condenou a cinco anos de prisão em regime semiaberto por estelionato, além de ordenar o pagamento de indenização às vítimas no valor do prejuízo causado.

A defesa de Alicia Dudy emitiu uma nota alegando que “ela tem direito ao esquecimento e não deve ser submetida a um linchamento público contínuo”, pois “o princípio do direito ao esquecimento visa garantir que pessoas que já cumpriram ou estão cumprindo suas obrigações legais não sejam eternamente prejudicadas por fatos passados”.

Foto: Reprodução/Redes Sociais