Novas tecnologias contribuem no diagnóstico e no tratamento de câncer de próstata

Autor: Salomão Rodrigues

Fonte:

03/01/2025

O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais frequente entre os homens brasileiros, ficando atrás apenas dos cânceres de pele não melanoma, segundo o Ministério da Saúde. Suas estimativas indicam que o Brasil deve registrar, anualmente, 71.730 novos casos da doença no triênio 2023–2025. 

Apenas em 2023, o câncer de próstata foi responsável por 17 mil óbitos, uma média de 47 mortes por dia, evidenciando a gravidade do problema. No entanto, apesar dos números alarmantes, o avanço tecnológico revoluciona o enfrentamento da doença, principalmente em seu rastreamento e tratamento. 

Inovações como a ressonância magnética multiparamétrica, biópsia de fusão, cirurgias robóticas e o uso de Inteligência Artificial (IA) estão transformando a maneira como médicos diagnosticam e tratam o câncer de próstata, proporcionando melhores prognósticos para os pacientes.

O diagnóstico precoce é considerado fundamental para aumentar as chances de cura, tendo em vista que os principais sintomas do câncer de próstata, como dificuldade de urinar e sangue na urina, não aparecem em sua fase inicial. Quando os sinais começam a surgir, cerca de 95% dos casos já se encontram em estágio avançado, conforme o Ministério da Saúde.

O rastreamento inicial ainda é realizado com exames simples, como o toque retal e o teste de PSA (antígeno prostático específico), que mensura alterações na próstata. O urologista Vinícius Luiz Meneses Jesus explica que esses dois métodos são complementares e, quando usados juntos, aumentam a taxa de detecção.

De acordo com o urologista, em entrevista ao Jornal da USP, no passado, os pacientes eram encaminhados diretamente para a biópsia de próstata, um procedimento invasivo. Hoje, a abordagem é mais criteriosa e reduz a necessidade de intervenções desnecessárias. 

Após repetir o PSA para confirmar os resultados, é utilizada a ressonância magnética multiparamétrica da próstata, exame que permite uma visão mais detalhada do quadro clínico. A tecnologia é capaz de identificar nódulos suspeitos com maior precisão, ajudando a evitar biópsias sem real necessidade. “Nem sempre a elevação do PSA significa realmente um problema na próstata, então é necessário esse complemento”, destaca.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) informa que os homens devem iniciar uma rotina de exames para identificar precocemente o câncer de próstata a partir dos 50 anos. No entanto, aqueles com fatores de risco, como histórico familiar ou homens negros, que apresentam maior predisposição à doença, devem começar aos 45 anos.

É comum surgirem dúvidas sobre qual especialista procurar, principalmente entre urologistas e proctologistas. No caso do câncer de próstata, por ser uma doença relacionada ao aparelho reprodutor masculino, o profissional indicado é o urologista. Já o câncer de cólon e reto pode ser rastreado por um proctologista, que se especializa no tratamento de doenças do aparelho digestivo.

Inteligência Artificial acelera diagnósticos

A Inteligência Artificial (IA) também tem trazido benefícios para o diagnóstico de câncer de próstata. Capaz de analisar amostras de tecido em alta qualidade, a tecnologia permite identificar padrões de maior agressividade do tumor e acelerar a avaliação de imagens, conforme a avaliação de especialistas.

“Ela auxilia na identificação de pacientes que têm um tipo mais agressivo de doença, ajudando os médicos a definir quais pacientes poderiam fazer um tratamento mais conservador e quais são aqueles pacientes que devem partir para um tratamento mais intenso”, explica o urologista e uro-oncologista Bruno Benigno.

A IA digitaliza inúmeros fragmentos de uma biópsia, identificando para os médicos quais as áreas mais importantes de serem analisadas. Ela reduz o tempo de diagnóstico e ainda auxilia no planejamento de tratamentos personalizados, prevendo respostas terapêuticas a partir de análises cruzadas baseadas em dados clínicos. 

Cirurgias robóticas: maior precisão e menos complicações

Outro importante avanço no tratamento do câncer de próstata é a cirurgia prostatectomia robótica, em que se remove toda ou parte da glândula prostática, oferecendo uma abordagem mais precisa e menos invasiva, especialmente para casos avançados da doença.

Em entrevista à imprensa, o urologista Sérgio Andurte Carvalho Duarte explica que ela trouxe melhorias em comparação com os procedimentos tradicionais. Embora a cirurgia robótica demande mais tempo de execução, ela proporciona a redução do sangramento, menor tempo de internação e uma significativa diminuição dos riscos de disfunções, como a incontinência urinária e a disfunção erétil.

Entre as vantagens, segundo o especialista, está também a capacidade de realizar uma abordagem mais preservadora, focando exclusivamente na área afetada pela doença e minimizando danos às estruturas adjacentes. Esse nível de precisão permite resultados oncológicos e funcionais superiores.