Esse crescimento reflete um cenário alarmante, com o número atual sendo 14 vezes maior do que o registrado em 2013, quando havia 22.922 pessoas vivendo nas ruas. A pesquisa utilizou informações do Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico), principal ferramenta de identificação de populações vulneráveis no país.
A região Sudeste concentra 63% dessa população, com 204.714 pessoas em situação de rua, seguida pelo Nordeste, com 47.419 (14%). O estado de São Paulo lidera com 139.799 pessoas, um aumento de mais de 30 mil em relação ao ano anterior e 12 vezes superior ao número registrado em 2013. Rio de Janeiro e Minas Gerais aparecem em seguida, com 30.801 e 30.244 pessoas, respectivamente.
Especialistas apontam que o aumento dessa população está relacionado ao fortalecimento do CadÚnico como ferramenta de registro e à falta de políticas públicas estruturantes em áreas como moradia, trabalho e educação. O levantamento também revelou que sete em cada dez pessoas em situação de rua não concluíram o ensino fundamental, e 11% são analfabetos, o que dificulta o acesso a oportunidades de trabalho.
O cenário é agravado pela discrepância entre a quantidade de imóveis vazios e o número de pessoas sem moradia. Só na cidade de São Paulo, há cerca de 590 mil imóveis desocupados, segundo o Censo Demográfico de 2022, enquanto 92.556 pessoas vivem nas ruas. Segundo Robson Mendonça, do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo, a utilização desses imóveis para habitação poderia ser uma solução mais eficaz e econômica do que os custos atuais com albergues e assistência social.
Apesar do aumento alarmante, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo não divulgou informações atualizadas sobre a população em situação de rua no estado, mas afirmou que R$156 milhões foram destinados a serviços de proteção social no último ano.