O Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) enviou ao Corinthians nesta quarta-feira, 9 um ofício solicitando esclarecimentos sobre o pagamento de R$ 56 milhões ao clube utilizando se intermediários que não constam no contrato com a empresa de apostas Vai de Bet. A quantia se refere a uma antiga parceria entre o clube e a casa de apostas.
Segundo documentos da investigação, a empresa intermediária, citada no contrato entre Corinthians e Vai de Bet, Pay Broker realizou o depósito de R$ 10 milhões dos R$ 66 milhões pagos ao clube. Porém, os outros R$ 56 milhões foram pagos por outras três intermediárias não previstas em contrato. A Otsafe e Pagfast EFX, sendo que esta última possui dois CNPJs diferentes. Uma cláusula do contrato exige que o Corinthians aprove previamente qualquer pagamento feito por terceiros não autorizados, para garantir a “checagem cadastral” das empresas envolvidas.
O ofício enviado pela polícia também solicita informações sobre Luís Ricardo Alves, superintendente financeiro do Corinthians, para entender se houve autorização da diretoria para esses pagamentos. A DPPC pede que o clube apresente prova da autorização, caso exista.
A Zelu Brasil Facilitadora e a Pay Brokers já foram alvo de investigações da Polícia Civil de Pernambuco na Operação Integração, que apura um possível esquema de lavagem de dinheiro relacionado a jogos de azar.
Caso Vai de Bet
A Vai de Bet anunciou a rescisão unilateral do contrato com o Corinthians em 7 de junho, após a polêmica sobre os pagamentos feitos pela intermediária Rede Media Social Ltda. a uma suposta empresa “laranja”, a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Essa empresa é ligada a Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, membro da equipe de comunicação do presidente Augusto Melo. Recentemente, a Polícia Civil notificou o Corinthians pedindo informações sobre a intermediação do contrato de patrocínio.
Em comunicado, a Vai de Bet afirmou que a decisão de encerrar a parceria foi baseada em cláusulas contratuais. “A marca considera que não pode manter a parceria enquanto houver qualquer suspeita sobre o acordo que contrarie a ética e as normas legais. Apenas a dúvida já é suficiente para justificar a rescisão”, diz a nota.
O contrato com a Vai de Bet envolvia um pagamento de R$ 360 milhões para estampar o uniforme do Corinthians por três temporadas, além de 7% do montante líquido de cada parcela à Rede Media Social Ltda, resultando em R$ 25,2 milhões ao final do contrato. A Rede Media possui um CNPJ ativo desde janeiro de 2021, com um capital social declarado de R$ 10 mil. Edna Oliveira dos Santos, residente em Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, teve seu nome associado ao caso, levantando suspeitas de que poderia ter sido utilizada como “laranja” sem seu consentimento.