Horário de verão pode ser a solução para a crise de água?

Autor: Salomão Rodrigues

Fonte:

02/10/2024

Após alguns anos suspenso, o horário de verão pode retornar ao Brasil ainda em 2024. O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta quarta-feira, 2, que esta é uma 'possibilidade real' caso a situação hídrica alarmante no país não tenha melhora até o mês que vem.

“O horário de verão é uma possibilidade real, mas a decisão não está tomada; me reuni com as empresas aéreas, se o quadro não melhorar o atual quadro nos próximos dias, a possibilidade do horário de verão pode se tornar uma realidade muito premente”, disse.

O Operador Nacional do Sistema (ONS), entidade que coordena e controla a geração e transmissão de energia elétrica no Brasil, já emitiu uma recomendação ao governo para que o horário de verão seja retomado.

A mudança, que adianta os relógios em uma hora, visa economizar energia, mas também gera debate sobre suas vantagens e desvantagens. Além disso, muitos se perguntam de onde veio essa ideia.

Origem

O horário de verão foi proposto pela primeira vez no final do século 18, pelo cientista e diplomata norte-americano Benjamin Franklin. Em 1784, Franklin sugeriu a ideia como uma forma de economizar velas, aproveitando melhor a luz natural do sol. No entanto, a medida só foi adotada oficialmente anos depois, durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916, na Alemanha, como uma forma de reduzir o consumo de energia elétrica em tempos de guerra. Outros países, como os Estados Unidos e o Brasil, seguiram a mesma estratégia.

No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez em 1931 e, desde então, foi adotado intermitentemente até sua suspensão em 2019.

 

Vantagens

A principal justificativa para o retorno da medida é a economia de energia. Com mais luz natural no fim da tarde, a ideia é que as pessoas utilizem menos eletricidade para iluminação e outros aparelhos, especialmente durante o horário de pico, entre 18h e 21h. Isso também impacta indiretamente o consumo de água, já que a produção de energia em hidrelétricas depende de recursos hídricos; com menos demanda por eletricidade, a pressão sobre os reservatórios de água diminui.

Além disso, o horário de verão pode aquecer a economia, especialmente no setor de comércio e serviços, que costuma registrar maior movimento no fim do dia.

Também contribui para a redução de acidentes de trânsito, já que a luz natural no fim da tarde melhora a visibilidade e torna a direção mais segura, especialmente nos horários de pico. Com menos necessidade de dirigir no escuro, os motoristas enfrentam menos riscos, o que pode resultar em uma diminuição nos índices de acidentes.

Além disso, a medida estimula o turismo e as atividades de lazer ao ar livre. Com mais tempo de luz, turistas e moradores aproveitam melhor os passeios em parques, praias e centros de entretenimento, impulsionando o setor de serviços e beneficia a economia local, especialmente em regiões que dependem de atividades turísticas.

Desvantagens

Apesar das vantagens, há quem critique a medida. Uma das principais reclamações é o impacto na saúde. A mudança no horário pode afetar o relógio biológico, provocando distúrbios no sono e gerando cansaço, irritabilidade e queda na produtividade, especialmente nos primeiros dias.

O setor agrícola também costuma ser prejudicado. Produtores afirmam que a alteração desorganiza as atividades do campo, que dependem da luz natural. Para alguns, o horário de verão atrapalha mais do que ajuda.

Outro ponto é que, atualmente, a economia de energia já não é tão significativa quanto antes. O uso constante de aparelhos de ar-condicionado e a mudança nos hábitos de consumo de eletricidade tornam a economia gerada pela medida menos expressiva.

Para o setor da aviação, ocorre o desalinhamento de horários internacionais. Com a mudança nos fusos horários, a sincronização de voos, conexões e planejamento de tripulações pode ser comprometida, gerando complicações operacionais e logísticas. Além disso, as companhias aéreas precisam reprogramar voos, ajustar sistemas e escalas de funcionários, aumentando os custos e o risco de confusões e erros.
 

Fora isso, voar em horários mais próximos ao pico de calor, comum no horário de verão, pode aumentar o consumo de combustível e a demanda por ar-condicionado, afetando a eficiência operacional das aeronaves.