Técnico Hugo Duarte recebe liberdade provisória após prisão em flagrante por injúria racial

Autor: Salomão Rodrigues

Fonte:

10/07/2024

Nesta terça-feira, 9, Hugo Duarte, o técnico do JC Futebol Clube-AM, foi preso em flagrante por injúria racial após ofender a jogadora do Suelen Santos, zagueira do Bahia no dia anterior.

Na ocasião o Bahia garantiu o acesso à Série A1 do Campeonato Brasileiro Feminino 2025. O jogo era de volta das quartas de final e terminou empatado sem gols, porém a equipe do Bahia ganhou o jogo de ida por 2 a 0, portanto avançou para as semifinais da Série a 2.

Durante a comemoração, iniciou-se uma confusão generalizada entre as jogadoras e o técnico do time amazonense. Em meio a confusão, ele teria usado um xingamento racista que foi imediatamente relatado para a árbitra do jogo e para a Polícia Militar.

Todos os envolvidos e as testemunhas foram encaminhados à Central de Flagrantes. O técnico português negou ter xingado a jogadora, mas terminou preso sob a suspeita de injúria racial, crime que, desde o ano passado, é equiparado ao crime de racismo e a pena varia de dois a cinco anos de prisão, além de ser um crime inafiançável e imprescritível.

O que diz a atleta

Na terça-feira, 9, Suelen fez uma publicação em suas redes sociais. “A Constituição Brasileira delineia o direito de ser tratado como igual perante os demais membros da sociedade, sem discrição de etnia e raça. Entretanto, lamentavelmente, ontem, na partida que garantiu o tão esperado acesso para a elite do futebol brasileiro, fui submetida ao ato de racismo praticado pelo criminoso treinador do time adversário, pois utilizou de mecanismo de opressão para inferiorizar minha negritude. A naturalização que se foi proferida mais de uma vez pela expressão racista “macaca” tenta silenciar a minha figura como mulher preta no esporte, porém o ato denúncia é a arma que tenho para combater o racista. Agradeço às minhas companheiras, família e ao @ecbahia por todo o suporte e acolhimento”.

Posicionamento do Bahia

O Bahia se posicionou por meio de uma nota oficial e lamentou que uma noite de festa tenha sido manchada por “episódio lamentável no estádio de Pituaçu”.

“O que deveria ser uma noite apenas de comemoração pelo acesso das Mulheres de Aço à elite do futebol brasileiro acabou manchada por episódio lamentável no estádio de Pituaçu.

Ao final da partida, a zagueira tricolor Suelen foi alvo de ofensa racial praticada pelo treinador da equipe adversária no gramado.

Acionada, a Polícia Militar conduziu o acusado à Central de Flagrantes da 1ª Delegacia para realização de boletim de ocorrência.

O Diretor de Operações e Relações Institucionais, Vitor Ferraz, acompanha a atleta juntamente com advogado criminalista que assessora o clube, além de outras jogadoras e funcionários que se apresentaram como testemunha.

O Esporte Clube Bahia SAF manifesta toda solidariedade a Suelen ao tempo em que cobra resposta à altura da gravidade do assunto, reiterando compromisso na luta contra qualquer tipo de discriminação”.

Posicionamento do JC

O JC Futebol Clube também fez um post condenando qualquer ato de racismo ou injúria racial contra qualquer pessoa.

“O JC Futebol Clube AM repudia qualquer ato de racismo ou injúria racial contra qualquer pessoa.

Sobre o ocorrido nesta segunda-feira onde o clube enfrentou o Bahia pelo Campeonato Brasileiro Feminino, houve um ocorrido envolvendo o treinador e uma atleta do clube Bahia que estão sendo investigado.

O clube juntamente com seu jurídico estão averiguando todas informações necessárias dos acontecimentos ali presenciados para realizar os procedimentos cabíveis onde não haja informações infame ou caluniosas que prejudiquem quaisquer que sejam os envolvidos.

No mais retificamos que este clube lamenta e é contra qualquer tipo de preconceito”, afirmou.

Já nesta quarta-feira,10, a juíza Marcela Moura França concedeu liberdade provisória ao técnico e determinou medidas cautelares, como proibição de aproximação a menos de 200 metros da vítima, comparecimento bimestral em juízo por período de um ano e também a todos os atos processuais. Ele está proibido de se ausentar da comarca onde reside sem autorização e deve pagar fiança no valor de 30 salários mínimos para ser solto.