Na manhã desta terça-feira, 16, uma semana após a Operação Fim da Linha, cujo objetivo era desmantelar duas organizações criminosas que lavavam recursos ilícitos de facções através de licitações públicas, o GAECO deflagrou a Operação Munditia a fim de desarticular um grupo criminoso ligado ao PCC, investigado por inúmeras fraudes em licitações em todo o estado de São Paulo.
Ao todo foram 27 promotores, 22 servidores e 200 policiais militares cumprindo a emissão de 42 mandados de busca e apreensão e 15 ordens de prisão temporária.
Também fazia parte da operação a prisão cautelar de agentes públicos envolvidos no esquema, entre eles três vereadores de cidades do Alto Tietê e litoral.
As investigações indicam que eles recebiam propina para favorecer empresas do grupo nos contratos de prestação de limpeza e vigilância nas câmaras municipais.
Ricardo Queixão (PDS), de Cubatão, FLávio Batista de Souza (Podermos), de Ferras de Vasconcelos e Luis Carlos Alves Dias (MDB), de Santa Isabel permanecerão, inicialmente, presos por cinco dias para não interferirem nas investigações, mas este prazo pode ser ampliado caso necessário.
As investigações do Ministério Público de São Paulo apontam que empresas atuavam recorrentemente para frustrar a competição nos processos de contratação de mão de obra terceirizada em diversas prefeituras e Câmaras Municipais.
Cidades como Guarulhos, São Paulo, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Arujá, Santa Isabel, Poá, Jaguariúna, Guarujá, Sorocaba, Buri, Itatiba tem contratos sob análise.
Essas empresas simulavam concorrência com empresas parceiras ou de um mesmo grupo econômico ao mesmo tempo, em que, para garantir a funcionalidade do esquema, corrompiam secretários, procuradores, presidentes de câmara de Vereadores e responsáveis pelas licitações. Só nos últimos cinco anos o grupo assinou contratos públicos que chegam a R$ 200 milhões.
Durante coletiva de imprensa realizada na tarde de hoje, Emersom Massera, coronel da Polícia Militar, disse que a operação começou a partir de áudios captados de integrantes do PCC. “A partir daí verificamos a participação de funcionários públicos e vereadores que direcionavam licitações por meio do controle de empresas. Nossa parceria com o MPSP tem trazido ótimos resultados na desarticulação do crime organizado”, informou.
Yuri Fisberg, Promotor de Justiça do GAECO, informou que 13 dos 15 mandados de prisão cautelar já foram cumpridos.
“Tivemos ainda 42 mandados de busca cumpridos, com a apreensão de quatro armas de fogo e grande número de munições, 22 celulares, 22 notebooks, R$ 3,5 milhões em cheques, cerca de R$ 600 mil em espécie e 8.700 dólares”.
“As empresas investigadas ou estão associadas a integrantes do PCC ou em nome de laranjas. Funcionários de algumas dessas empresas concorriam e simulavam alguma competição em licitações de câmaras e prefeituras e também do estado de SP”.
O objetivo principal das operações é asfixiar as finanças do crime organizado.