A escritora e linguísta Conceição Evaristo, 77 anos, foi eleita na última quinta-feira, a mais recente imortal da Academia Mineira de Letras. Ela passa a ocupar a cadeira de número 40, vaga deixada após a morte da romancista e poetisa Maria José de Queiroz, que morreu em novembro de 2023.
Conceição Evaristo disputou a vaga com outros cinco candidatos e recebeu 30 de um total de 34 votos.
“A chegada de Conceição Evaristo à Academia Mineira de Letras, a par do reconhecimento de sua trajetória como professora, romancista e poeta, com justiça celebrada no Brasil e no exterior, tem também o sentido de impregnar esta casa com suas qualidades e história de vida, essa prática da literatura por ela denominada escrevivência. Uma vivência, aliás, profundamente marcada por Minas e por Belo Horizonte”, disse, em nota, o presidente da Academia Mineira de Letras, Jacyntho Lins Brandão.
Nascida no ano de 1946, em Belo Horizonte, Conceição Evaristo foi empregada doméstica e mudou-se então para a cidade do Rio de Janeiro, em 1973, onde passou num concurso público para o magistério, permanecendo ligada aos quadros do município até o ano de 2006; neste ínterim, nas décadas de 1970 e 1980, também foi professora da rede municipal de Niterói.
Em 1987 ela cursou letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Três anos depois veio seu primeiro livrona série Cadernos Negros, uma antologia coordenada pelo grupo Quilombhoje. Em 1992 começou o mestreado em Letras-Literatura Brasileira pela Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Ao longo de sua carreira Conceição publicou várias obras, de literatura contemporânea mostrando a realidade das pessoas negras no Brasil.
Em 2003 publicou sua obra mais famosa, Ponciá Valêncio e quatro anos depois ganhou o Prêmio Camélia da Liberdade, por se destacar no combate à discriminação e promover ações de inclusão social afrodescendentes.
Nesse mesmo ano conquistou o Prêmio Ori da Prefeitura do Rio de Janeiro, que escolhe anualmente 12 escritores e personalidades acadêmicas cuja obra seja relevante para a ampliação do conhecimento e desenvolvimento da sociedade brasileira.
Em 2008 começou seu doutorado sobre Literatura Angolana e Afro-brasilidade na Universidade Federal Fluminense.
Depois, em 2015, ela conquistou o Prêmio Jabuti na categoria contos e crônicas, pela obra Olhos D'Água, o Jabuti é o mais tradicional prêmio de literatura do Brasil concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Dois anos depois veio o Prêmio Literatura do Governo do Estado de Minas Gerais.
Em 2023, foi agraciada com o Prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano e laureada com o prêmio Elo no Festival Internacional das Artes de Língua Portuguesa e coroando a carreira proeminente de uma das escritoras brasileiras mais influentes da atualidade foi eleita imortal pela Academia Mineira de Letras.