A última alegoria trouxe mães de jovens vítimas de violência policial e a velha guarda da Portela. À frente do carro, Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, desfilou sentada em um barco.
A Vila Isabel levou a reedição do desfile de 1993, "Gbalá - Viagem ao templo da criação", para avenida com assinatura do carnavalesco Paulo Barros.
O enredo destacou o mal que o ser humano pode fazer ao planeta Terra e apontou as crianças como salvação. Os pequenos estiveram presentes em diversas alas e na comissão de frente.
Com a possibilidade de controlar a iluminação da Sapucaí, Barros abusou dos efeitos de luzes e neons. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira tinha o traje coberto por luzes e refletores de laser. Já a cabeça da fantasia dos integrantes da bateria era um coração que pulsava.
Autor do samba do desfile de 1993 e presidente de honra da escola, o cantor Martinho da Vila veio no último carro representando um sacerdote.
A Mangueira voltou a homenagear seus integrantes famosos com um enredo dedicado à cantora Alcione. O desfile começou com as memórias afetivas da cantora. A comissão de frente representou a infância no Maranhão. Já as baianas mostraram a relação da cantora com a mãe.
Músicas famosas de Alcione foram inspiração para carros e alas, como a das passistas —inspirada na canção "A Loba". O quarto carro trouxe os amigos da Marrom, como Taís Araújo. Já a cantora Maria Bethânia veio em um tripé.
Alcione, que completou 50 anos de carreira em 2022, veio no último carro com uma coroa, rodeada de crianças, numa alegoria representando a Mangueira do amanhã.
Na dispersão, duas pessoas ficaram feridas em acidente com um carro alegórico da escola.
A Paraíso do Tuiuti homenageou João Cândido Felisberto, o "almirante negro" líder da Revolta da Chibata. Para isso, tomou como inspiração a música "O mestre-sala dos mares", de João Bosco e Aldir Blanc e famosa na voz de Elis Regina.
O almirante foi representado pelo ex-entregador Max Angelo dos Santos —agredido por uma mulher branca na zona sul do Rio de Janeiro em abril de 2023— em uma das alegorias. A rainha da bateria, Mayara Lima, veio de vermelho reproduzindo o sangue dos marinheiros.
O último carro era um navio em que cada uma das velas trazia estampado notícias recentes de casos de racismo. João Bosco e as filhas de Aldir Blanc participaram do desfile.
Atual vice-campeã do Carnaval do Rio, a Viradouro fechou a noite com desfile criativo que abusou das cores para contar o enredo "Arroboboi, Dangbé", uma homenagem à cobra sagrada de Benin, que, de acordo com o mito, se manifestou em batalhas na costa ocidental da África, no século 18.
A comissão de frente levantou a arquibancada com uma cobra que brilhava no escuro e rastejava entre os componentes no chão da Sapucaí.
Como o desfile começou ainda de madrugada, alas e carros usaram material que se destacava com a baixa iluminação. Com o dia já claro, a escola de Niterói formou um arco-íris com as fantasias nas últimas alas.
Fotos: Divulgação
Texto: Bruna Fantti/Yuri Eiras/Folhapress